Campinas é uma cidade com imenso destaque no âmbito nacional desde os tempos do Império. Por aqui passaram grandes personagens que marcaram seus nomes na história, e também foi palco de decisões que mudaram os rumos do país, como as discussões e organização do Movimento Republicano.
Mas, bem antes disso, a cidade foi palco de um verdadeiro massacre chamado O Combate da Venda Grande, em que os paulistas liberais tentaram tirar os conservadores do poder.
Em 1842, nasceu, na então província de São Paulo, a Revolução Liberal, tendo como um de seus líderes Rafael Tobias de Aguiar (1795-1857), que já tinha sido presidente da província (cargo equivalente ao de governador, atualmente) por duas vezes. De 1831 a 1835 e de 1840 a 1841. Consta que era muito querido por ter usado recursos do próprio pagamento para investir nas escolas, serviços públicos, além da caridade. Em 1831, ele havia criado a Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Outra liderança do movimento era o padre Diogo Antônio Feijó, que foi Deputado, Senador, Ministro da Justiça até chegar ao posto de Regente do Império de 1835 a 1837.
O levante se deu porque os conservadores vinham aprovando uma série de leis contrárias aos interesses dos liberais, como as leis da reforma judiciária, criadora do Conselho de Estado, que afrontavam a Constituição do país.
Os conservadores estavam no poder desde 1841. A intenção dos liberais era depor o presidente da província de São Paulo, o baiano Barão de Monte Alegre, e transferir a capital para Sorocaba, e aclamar Tobias de Aguiar o novo presidente.
O grupo de insurgentes tinha bases e apoio em vários locais no interior, como Itu, Sorocaba, Itapetininga, Capivari, entre outros. Foi criado um grupo armado com 1.500 homens para derrubar o Partido Conservador.
Em Campinas, esse exército era comandado pelo capitão ituano Boaventura do Amaral. A intenção era marchar sobre São Paulo. Mas as forças imperiais, comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias, que posteriormente, viria a ser Duque de Caxias, derrotaram as tropas.
O combate ocorreu na região conhecida como Campo dos Amarais, no dia 7 de junho de 1842, e ceifou a vida de muitas de pessoas, entre elas, Boaventura do Amaral. Na região da luta havia uma construção onde tinha uma venda, chamada de Venda Grande. Construída no começo de 1800, já estava praticamente abandonada, após o falecimento de seu proprietário. Muitos dos mortos no combate foram enterrados ao redor dessa construção, depois foram levados para locais desconhecidos.
Tobias de Aguiar foi preso e encaminhado para julgamento na Corte. Diogo Feijó foi levado para São Paulo e depois para Vitória, no Espírito Santo. Eles foram anistiados em 1844 pelo Imperador Pedro II.
Posteriormente, em 1956, por iniciativa do Departamento de História do Centro de Ciências Letras e Artes de Campinas (CCLA), no canteiro central da Rua Dário Freire Meireles foi construído um marco em homenagem ao fato histórico.
Para relembrar a data, marcante para a cidade de Campinas, nesta terça-feira (7), às 9h30, autoridades, representantes de clubes de serviço, instituições de cultura e dos Patrulheiros de Campinas, diretores e conselheiros do Centro de Ciências, Letras e Artes vão se reunir no marco de granito erguido no final da Avenida Dário Freire Meirelles, Bairro Chácara Campos dos Amarais, onde ocorrerá uma solenidade.