A Prefeitura de Campinas e o Instituto Magnus anunciaram nesta quinta-feira (25), uma parceria que pretende estimular a adesão ao uso do cão-guia na cidade e promover a inclusão social, segurança e qualidade de vida das pessoas com deficiência visual.
O instituto é o maior centro de formação de cão-guia da América Latina e está localizado em Salto de Pirapora, região de Sorocaba.
Em Campinas, o número de pessoas cegas ou com baixa visão, seja por consequências congênitas ou adquiridas ao longo da vida, é de mais de 25 mil pessoas, sendo mais de 5 mil completamente cegas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, mais de 7 milhões de pessoas apresentam alguma deficiência visual.
A etapa inicial do programa contempla as inscrições para receber o cão-guia, de forma gratuita. Em um segundo momento, estão previstos cursos, treinamentos e sensibilizações, envolvendo, inclusive, motoristas de ônibus, táxi e transporte por aplicativo.
O cão-guia é um animal treinado especialmente para ajudar pessoas com deficiência visual em seu cotidiano, com tarefas que demandam mais atenção e cuidado como, por exemplo, conduzi-las em seus deslocamentos. Atualmente, existe somente um cão-guia em atividade em Campinas.
“Essa parceria com o Instituto Magnus ampliará a autonomia das pessoas com deficiência visual em Campinas. Parabenizo a Emdec pela iniciativa e tenho certeza de que mudaremos a vida de muitas pessoas com deficiência visual, dando mais dignidade, promovendo a mobilidade inclusiva, a integração social e a qualidade de vida”, disse o prefeito de Campinas, Dário Saadi.
Para marcar o início das inscrições, o deficiente visual, Luís César Amaral, assinou a primeira ficha de cadastro no projeto, em Campinas. “Minha deficiência se tornou muito mais leve com o apoio do cão-guia. Quando utilizamos bengala, somos rotulados como deficientes visuais. Com o cão-guia, passamos a socializar mais”, relatou Carlos Eduardo. Chicó é seu fiel companheiro há três anos e meio.
A EMEF Humberto Alencar Castelo Branco foi indicada pela Secretaria de Educação por ter as dependências acessíveis às pessoas com deficiência, além de atender 40 alunos no programa de educação inclusiva, duas crianças com baixa visão e uma cega.
Túnel sensorial
Para simular as dificuldades enfrentadas diariamente pelas pessoas com deficiência visual, o Instituto Magnus instalou no local um túnel sensorial com obstáculos.
Os participantes foram convidados a atravessar o “Túnel Sensorial”, de olhos vendados, vivenciando a experiência de se locomoverem privados da visão. A dinâmica desperta a consciência sobre o papel transformador que o cão-guia pode ter na vida das pessoas com deficiência visual, ao promover mais segurança e mobilidade.
“As pessoas acreditam que ter um cão-guia é inacessível, devido ao custo e trabalho envolvidos na formação do animal. Iniciativas como esta são muito importantes para que mais pessoas saibam que é possível ter um cão, que será um meio transformador em suas vidas”, disse o gerente-geral do Instituto Magnus, Thiago Pereira.
“Nossa intenção é contribuir com a inclusão social e promover a autonomia das pessoas com deficiência visual, por meio da utilização do cão de assistência”, acrescentou.
Como participar
Para ter acesso a um cão-guia, as pessoas com deficiência visual devem se inscrever no site do Instituto Magnus (www.institutomagnus.org/programas/cao-guia/como-ter-um-cao-guia) ou manifestar interesse pelo e-mail [email protected].
Será necessário cadastrar dados pessoais, responder um questionário com informações sobre a sua rotina e enviar documentação comprobatória dos dados fornecidos.
Confira os critérios para a participação no processo seletivo:
• Ser diagnosticado com cegueira ou deficiência visual severa (Art. 2º, inciso I, do Decreto Federal nº 5.904/2006);
• Ser residente e domiciliado na região de atendimento;
• Ser maior de 18 anos de idade;
• Ter capacidade de se locomover de maneira independente em diferentes rotas do seu cotidiano;
• Ter condições de saúde que possibilite o uso do cão-guia.
A inscrição on-line é a primeira etapa do processo seletivo. A triagem envolve ainda etapas presenciais e visitas da equipe do instituto à residência dos interessados.
Também é possível participar do processo de socialização dos animais, recebendo-os como famílias socializadoras. É preciso ter disponibilidade de tempo para ambientar o cão nos mais diversos espaços, ao longo de um ano, inclusive, conviver com outras pessoas e animais.
A família voluntária que participa da formação do cão tem direito garantido para entrar em estabelecimentos públicos e, também, nos privados de uso coletivo