Único jogador brasileiro que disputou duas edições de Copa do Mundo defendendo clubes do Interior, o ex-goleiro Carlos também é até hoje o único atleta com convocações para a Seleção Brasileira representando os dois rivais do futebol campineiro: Ponte Preta e Guarani.
Nascido no dia 4 de março de 1956, em Vinhedo, na região de Campinas, Carlos Roberto Gallo começou a carreira na Macaca, estreando na equipe principal em 1974, aos 18 anos. Após completar 19, debutou com a camisa verde e amarela, ao participar dos Jogos Pan-Americanos de 1975, na Cidade do México.
No ano seguinte, aos 20, Carlos integrou a delegação brasileira na disputa dos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal, onde atuou como titular nos cinco jogos da campanha que terminou com o quarto lugar. Caminho pavimentado para chegar à seleção principal em 1978, quando ainda era um jovem de apenas 22 anos.
Maior goleiro da história da Ponte Preta, recordista de partidas entre todos os atletas da posição que já passaram pelo clube, Carlos disputou 437 jogos com a camisa da Macaca entre 1975 e 1983.
Equipe do interior paulista que mais cedeu jogadores à Seleção Brasileira em edições de Copa do Mundo, com cinco convocações, entre 1978 e 1982, a Ponte Preta foi representada pelo goleiro Carlos, além dos zagueiros Oscar e Polozzi, no Mundial de 78, sediado e vencido pela Argentina. O Brasil terminou na terceira colocação do torneio, tendo Leão como titular da camisa 1 e presente em todos os jogos da campanha.
Com a presença de três defensores convocados pelo técnico Claudinho Coutinho, em 1978, a Ponte Preta foi o clube com mais jogadores na lista de 22 nomes, ao lado de São Paulo e Vasco. A presença do trio pontepretano no Mundial, há 45 anos, refletiu a excelente campanha da equipe alvinegra no Campeonato Paulista de 1977, competição em que a Macaca terminou com o vice-campeonato estadual, perdendo a grande decisão para o Corinthians.

Embora não tenha entrado em campo, assim como havia acontecido na edição de 1978, Carlos também representou a Ponte Preta na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, onde o Brasil encantou o mundo, mas foi eliminado pela Itália com uma dolorosa derrota por 3 a 2, no fatídico jogo que ficou conhecido como “Tragédia do Sarriá”. O zagueiro Juninho Fonseca, então companheiro de Carlos na Macaca, também foi levado pelo técnico Telê Santana para aquele Mundial.
Quatro anos depois, na Copa do Mundo de 1986, no México, Carlos seria novamente convocado por Telê, assumindo o posto de titular deixado por Waldir Peres e disputando todos os cinco jogos da campanha da Seleção: vitórias por 1 a 0 sobre a Espanha e Argélia, 3 a 0 sobre a Irlanda do Norte, 4 a 0 sobre a Polônia, além de empate em 1 a 1 com a França, no jogo da eliminação brasileira nos pênaltis.
Na ocasião, Carlos já havia deixado a Ponte Preta e se transferido para o Corinthians, onde se sagraria campeão paulista de 1988, portanto o único jogador do futebol campineiro convocado para aquele Mundial foi o zagueiro bugrino Júlio César.
Assim como Carlos, o zagueiro Oscar também disputou as Copas do Mundo de 1982 e 1986, porém ele já havia deixado a Ponte Preta para defender as cores do São Paulo, onde se sagrou tetracampeão paulista e campeão brasileiro em 1986.
Ao todo, entre 1978 e 1993, o goleiro Carlos disputou 44 partidas pela Seleção Brasileira, com 27 vitórias, 10 empates e sete derrotas. Ele representou cinco equipes diferentes: Ponte Preta, Corinthians, Guarani, Palmeiras e Portuguesa.
Desde 1986, Ponte Preta e Guarani nunca mais tiveram jogadores convocados para uma edição de Copa do Mundo. Isso não quer dizer, no entanto, que nenhum jogador do futebol campineiro tenha voltado a vestir a amarelinha de lá para cá.
Quando já era um veterano de 35 anos e atuava pelo Bugre, perto do fim da carreira, em 1991, o goleiro Carlos retornou à Seleção Brasileira, convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para disputar um amistoso diante da Iugoslávia.
O duelo terminou com vitória brasileira por 3 a 1, no dia 30 de outubro de 1991, no Estádio Dilzon Melo, o Melão, em Varginha, na região sul de Minas Gerais (veja vídeo abaixo).
Três anos depois, liderado pela famosa dupla de ataque formada por Romário e Bebeto, o Brasil conquistaria o tetracampeonato mundial na Copa de 1994, nos Estados Unidos.