A tradicional Cerimônia da Lavagem da Escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas será realizada neste Sábado de Aleluia, 8 de abril, voltando a ser presencial após dois anos suspensa por conta da pandemia. Em 2022, a Lavagem das Escadarias se tornou Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas e, em 2023, completa 38 anos em conservar a tradição de ritos afro-brasileiros.
A edição deste ano traz, além do cortejo, uma programação cultural paralela com duas exposições, inauguração de uma sala de leitura e apresentações de teatro, capoeira, samba de bumbo e show com a cantora Leci Brandão.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas apoia os eventos em celebração da Lavagem da Escadaria da Catedral. As atividades começam às 9h e se encerram às 17h. Todas gratuitas.
O cortejo da Lavagem das Escadarias sai do prédio histórico Estação Cultura, cujo povo negro participou na construção e segue para a Catedral Metropolitana de Campinas, também construída pelas mãos do povo negro escravizado e marginalizado. Começa às 9h45 com a concentração das comunidades religiosas, grupos culturais e sociedade civil. O traje é rigorosamente branco.
A Lavagem é um potente processo cultural de matriz africana na cidade que acontece desde 1985, em todo Sábado de Aleluia, e tem como idealizadoras Mãe Corajacy e Mãe Dango. A cerimônia tem como objetivo homenagear os Povos Bantus. A maior parte dos negros escravizados que foram trazidos para o Brasil eram de etnias Bantu (Congo, Benguela, Ovambo, Cabinda, Angola, Macua, Angico, entre outros).
A despeito do intenso processo de aculturação a que foram submetidos quando chegaram no Brasil, muito de sua cultura original preservou-se. Muito do vocabulário atual do português que é falado no Brasil, por exemplo, tem origem bantu. Mais especificamente, se origina do idioma quimbundo, uma das línguas nacionais de Angola.
Patrimônio Imaterial
O registro da tradicional cerimônia como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas ocorreu no dia 24 de novembro de 2022, após assinatura do prefeito Dário Saadi. Ele foi o ‘Prefeito de Honra’ que conduziu a reunião de apreciação do pedido de registro da cerimônia pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc).
Os conselheiros aprovaram por unanimidade o pedido de registro que considerou para este reconhecimento: a história, a ancestralidade e o fato desta celebração, que ocorre há quase quarenta anos em Campinas, conservar a tradição de ritos afro-brasileiros.
Em razão da pandemia, nos anos de 2021 e 2022 a cerimônia foi realizada de forma virtual.