Considerada e registrada como a bebida típica brasileira, a cachaça segue conquistando cada vez mais apreciadores e o mercado mundial. O Circuito das Águas Paulista é reconhecidamente procurado pela produção de Cachaça de Alambique, que difere da industrial por ser uma produção de escala reduzida, normalmente de tradição familiar. Desde o processo do plantio da cana-de-açúcar até a fermentação e o armazenamento em diferentes tipos de barris, a tradição passa de geração em geração.
Muitos turistas buscam essa aura de interior, tanto para descansar ou fazer atividades de aventura, e também visitar os famosos alambiques do Circuito das Águas Paulista, composto por nove cidades: Águas de Lindóia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro. Cada cidade tem suas características peculiares, o que deixa o roteiro ainda mais atrativo e diverso.
De acordo com a Associação de Produtores de Cachaça de Alambique do Circuito das Águas Paulista – APCCAP, o circuito reúne mais de 350 alambiques e produtores de destilados.
Entre os eventos mais aguardados do ano, está o Festival da Cachaça do Circuito das Águas Paulista, que já tem agenda definida para 2023, com objetivo de valorizar o produto regional, unindo as cidades da região. O evento, que é itinerante, será de 09 a 11 de junho, em Serra Negra, e em agosto terá uma edição em Amparo.
“O festival é uma forma também de movimentar o comércio local e reconhecer a tradição e a qualidade das cachaças de alambique produzidas no Circuito das Águas Paulista, mantidas por diversas famílias e gerações”, reforçou o presidente da APCCAP, Jorge Luís Benedetti. Ele faz parte da Fazenda Benedetti, que sozinha já recebe mais de 200 mil turistas por ano para conhecer e apreciar as cachaças produzidas pela família.
Sendo o método de produção predominante do Circuito das Águas Paulista, a Cachaça de Alambique é uma característica da região, que segue ainda tradições do corte da cana-de-açúcar sem a queima da palha, o uso de fermentação natural e a destilação em alambiques de cobre, de onde é extraído somente o “coração” (parte nobre do destilado, com graduação alcoólica ideal e com qualidade).
Além disso, o solo, o clima, a água, ou seja, o terroir da região, traz para a bebida muitas histórias e sabores, vindos também dos diversos tipos de madeira utilizados para o descanso e envelhecimento da bebida, que dão sabor, aroma e cor ao destilado.
A notoriedade do produto ganhou tanta fama, que o Sebrae vem auxiliando os produtores com consultorias e apoio na participação de feiras e eventos, treinamentos, reconhecimento do produto local e até na formação da Associação de Produtores de Cachaça de Alambique do Circuito das Águas Paulista.
A recém criada Agência de Desenvolvimento do Circuito das Águas Paulista, que reúne as principais lideranças dos nove municípios, trabalha junto com o Sebrae na articulação e no apoio direto ao processo de obtenção da indicação geográfica (IG) da Cachaça de Alambique do Circuito das Águas Paulista.
O processo para obter a IG, conduzido e patrocinado pelo Sebrae, também recebe apoio do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Instituto Federal de São Paulo e participação de diversas entidades locais, Sindicato Rural, CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada) e do CICAP (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo Turístico do Circuito das Águas Paulista).
Como exemplo de outras regiões que com a IG alcançaram reconhecimento de produtos locais genuínos, temos a IG do Queijo Canastra e da famosa Banana do Vale do Ribeira, que alavancaram suas regiões através do valor do produto para o território e setores associados. Um dos maiores exemplos de IG internacional é a região da Provence, na França, que tem na lavanda sua matéria prima, incrementando diversos setores econômicos associados.
Conheça algumas das cachaças premiadas do Circuito das Águas Paulista
A cachaça de alambique do Circuito das Águas Paulista coleciona prêmios nacionais e internacionais, entre eles, levou os maiores destaques nos últimos anos na Expocachaça, maior vitrine mundial da Cachaça, que virou uma das mais expressivas premiações, e ocorre anualmente, há 28 anos em Belo Horizonte – MG. Além de se destacar com medalhas de ouro e prata no Concours Mondial Spirits Selections, em Bruxelas.
Entre as premiadas estão a Cachaça da Torre envelhecida (Sítio Torre Annunziata), que levou medalha de prata em 2012, em Bruxelas, a cachaça Flor da Montanha (Fazenda Benedetti) que conquistou Ouro no concurso em Bruxelas, em 2014, na categoria cachaça branca, e em 2018 levou selo de prata, na Expocachaça, assim como a Antonio Benedetti Extra Premium, 9 anos envelhecida em barril de carvalho, levou medalha de Ouro na Expocachaça.
Outra premiada é a Alma da Serra (BullHof Microdestilaria), que também ganhou o Concurso Mundial de destilados de Bruxelas, em 2014, na categoria cachaça envelhecida, em 2015 foi campeã do ranking da revista VIP e em 2016, medalha de prata na Expocachaça.
O Circuito das Águas Paulista também detém duas das três melhores cachaças do Estado de São Paulo, escolhidas nos últimos anos no Concurso Paulista de Cachaça de Alambique: a cachaçada Adega do Italiano, de Monte Alegre do Sul, que foi premiada na categoria cachaça não envelhecida (segunda colocada no concurso) e a cachaça Galo Branco, de Socorro (terceiro lugar na categoria não envelhecida).
Além de destaque em concursos nacionais de cachaça ligados às universidades USP e Unesp, e reconhecimento no Brazilian Meeting onChemistryofFood and Beverage, um evento científico de abrangência internacional para difundir os avanços em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Bebidas.
Enfim, a região reúne um roteiro de cachaças de responsa. Os produtores recebem visitantes em passeios, degustações e interessados em levar para casa a bebida.
É o caso da Cachaça Chora Menina, da Cachaça Campanari e da Cachaça Rouxinolli, que ficam em Monte Alegre do Sul, onde há mais de 40 alambiques artesanais. Para receber os visitantes do Circuito das Águas, a cidade criou até a “Trilha da Cachaça”, que passa pelos principais alambiques. Já em Socorro, além da premiada Galo Branco, também se encontra o alambique da Pioneira, e mais de 30 alambiques espalhados pela cidade.
Roteiro de Alambiques para conhecer no Circuito das Águas Paulista
Amparo:
Fazenda Benedetti
Cachaça Fina Flor
Cachaças da Torre
Holambra:
Rancho da Cachaça
Jaguariúna:
Sítio Jequitibá
Lindóia:
Engenho Cavalo de Tróia
Monte Alegre do Sul:
Adega do Italiano/ Pousada da Fazenda
Adega O Rancho
Brisa da Serra Destilaria
Cachaça Campanari
Cachaça Barriga Dura
Pedreira:
Sítio Repouso das Águias
Serra Negra:
Cachaça do Bimbo
Sítio Bom Retiro (Família Carra)
Cachaça do J
BullHof Microdestilaria
Socorro:
Alambique Pioneira
Cachaça Galo Branco
Cachaça Alpi