A estruturação de reservas financeiras de longo prazo pelos brasileiros tem crescido no país de forma gradual. Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada (Fenaprevi), os aportes em planos de previdência privada no Brasil atingiram R$ 112 bilhões de reais de janeiro a outubro de 2021, volume 15,2% maior em relação a igual período de 2020. Esse cenário demonstra que as pessoas voltaram a se preocupar com sua vida econômica futura, retomando investimentos deixados de lado no ano passado, e com tendência de reforçar esse caixa nos próximos meses.
Diante dessa preocupação, quem faz a declaração completa do Imposto de Renda fica motivado no último mês do ano a buscar os planos de previdência complementar ou a realizar aportes maiores em dezembro devido à possibilidade do diferimento fiscal de até 12% da renda bruta anual tributável para base de cálculo do IR. É importante, porém, ter atenção à data limite para cotização do aporte dentro do exercício fiscal e, no caso de quem ainda não possui o plano, observar os prazos operacionais das empresas para não perder a oportunidade.
Para os que se questionam se vale a pena investir em um plano de previdência para obter benefício fiscal, a resposta é: depende. Tanto o tipo de plano escolhido quanto o modelo de declaração do IR demandam atuações diferentes. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem faz a declaração pelo modelo completo, e contribui para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ou RPPS (Regime Próprio da Previdência Social), pois permite a dedução de até 12% da renda bruta anual tributável da base de cálculo do IR.
Outra maneira de ter benefício fiscal é optar pela tabela regressiva do IR. Isso porque, nos primeiros dois anos, a parcela de IR que incidirá sobre a utilização do valor aportado é de 35% e cairá para 10% caso a pessoa mantenha o plano por 10 anos. Mas, para que estes benefícios sejam considerados vantajosos, é preciso observar alguns pré-requisitos: tipo de plano, perfil e renda do investidor e modelo de declaração do IR.
Além do PGBL, existe no mercado o plano VGBL, sigla para Vida Gerador de Benefício Livre. Essa modalidade é para quem faz a declaração de IR pelo modelo simplificado, é isento ou deseja aplicar mais de 12% da renda bruta tributável em previdência.
Em ambos os planos, há uma outra vantagem fiscal que é a ausência do chamado come-cotas (antecipação do recolhimento do IR em investimentos financeiros). Nos dois modelos, aportes extras, como parte do 13º salário, são importantes para alavancar a reserva ao longo dos anos. Em um planejamento financeiro de 10 anos, com uma taxa de juros real de 3% ao ano, aproximadamente 86% do patrimônio conquistado depois dessa década será composto pelo dinheiro que saiu do bolso do investidor, e apenas 14% será a fatia da rentabilidade.
Agora, se o período de acumulação aumentar para 35 anos, com a mesma taxa de juros real, o patrimônio ao final será composto de 57% de valores que saíram do bolso e 43% de rendimentos. Portanto, o tempo é o componente fundamental para fazer o dinheiro trabalhar para o investidor.
Vinícius Libório é diretor da Rede SP Interior do Santander Brasil