Além da pressão pelo aumento no número de casos, a rede municipal de Saúde de Campinas enfrenta um novo problema no atendimento a pacientes Covid: a dificuldade na contratação de pessoal para a montagem de equipes que atendem as Unidades de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com Sérgio Bisogni, presidente da Rede Mário Gatti, esse tem sido um dos principais gargalos para a abertura de novos leitos.
“É uma concorrência com a rede privada. Os hospitais particulares têm mais facilidade para contratar porque oferecem salário mais alto. A gente precisa de gente qualificada e os (hospitais) privados começaram a pagar mais para conseguir. Os profissionais preferem ganhar mais. Na rede pública contratamos empresa em concorrência pelo menor preço. Então, dentro do contrato elas têm um limite do que podem pagar”, explica Bisogni.
A Rede Mário Gatti administra os hospitais Ouro Verde e Dr. Mário Gatti, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o Samu e, agora o Hospital Metropolitano, que foi solicitado pela Prefeitura. Bisogni explica que para cada 10 leitos de UTI Covid são necessários um médico, três enfermeiros e nove técnicos de enfermagem e um fisioterapeuta, a cada 24 horas.
“Aqui no Hospital Mário Gatti já contratamos 10 novos leitos de UTI no primeiro andar, são os últimos, depois não teremos mais abertura de novos leitos aqui. Já está montado, só falta o RH (profissionais). Era para abrir até amanhã, mas não vai. A gente espera conseguir até sexta-feira. Ele ainda relata que já tem empresa contratada para a abertura de 15 leitos de enfermaria no Hospital Ouro Verde. “O problema também é RH. Nem falo mais data para a abertura, mas espero que até semana que vem estejam abertos”, diz, explicando que no caso de enfermaria não é preciso o profissional de fisioterapia e são menos enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Hospital de campanha
O Hospital de Campanha, no Ginásio dos Patrulheiros, com 36 leitos de enfermaria, deve ser reaberto em 15 dias, de acordo com o presidente da Rede Mário Gatti. “Já está quase tudo pronto. Já contratamos a empresa e ela está na fase de contratação de RH. Ali é para casos mais leves, não é UTI. O problema é que não estamos encontrando tanque de oxigênio. O oxigênio tem no mercado, mas o tanque que armazena ele está em falta no mercado. Estamos tentando e vendo alternativas”, disse.
Kit intubação
Com relação ao kit intubação, Bisogni afirmou que não há previsão de falta tanto na rede pública quanto na privada. “Fiz reunião com quase todos os hospitais. Acontece que os privados, por conta de caixa, compram menos, mas com mais frequência e comentaram que tinham provisão para mais cerca de sete dias e contam com as empresas para entregar mais, em vez de ter na farmácia uma quantidade para um mês, por exemplo”, diz.
Já na rede pública, o estoque dos remédios supre mais de 15 dias. “A gente tinha para 30, 60 dias, mas estamos cobertos para mais de 15. Teve um receio porque o governo passou a comprar muito das empresas. Mas a gente tem uma série de remédios que um substitui o outro em caso de necessidade. Mas não tem previsão de falta”, completa.