Com atraso de uma hora, a reunião da CPI da Covid desta quinta-feira (8) começou com o silêncio da maioria dos senadores sobre a nota das Forças Armadas após a prisão do ex-diretor do departamento de Logística do Ministério da Saúde e ex-sargento da Aeronáutica Roberto Dias. Apenas a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) se pronunciou contra a declaração assinada pelo ministro da Defesa, Braga Netto.
A congressista parabenizou a condução da CPI feita por Omar Aziz(PSD-AM). “Tem sido ponderada”, disse. Eliziane emendou sua fala condenando a atitude do Ministério da Defesa. “Desnecessária a ação ontem das Forças Armadas, que aliás hoje, mais uma vez, reafirma que, no meu entendimento, elevou de forma exagerada o tom – e não pode elevar, porque nós não podemos jamais ser complacentes com a corrupção”, finalizou.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), chegou ao Senado sem conversar com a imprensa. Assim como o relator da comissão, Renan Calheiros(MDB-AL). Já os senadores da base do governo, Ciro Nogueira (PP-PI) e Marcos Rogério (DEM-RO), foram os primeiros a falar na abertura dos trabalhos.
Sem citar inicialmente a prisão de Roberto Dias, Ciro que há semanas não falava ao colegiado por ter sido substituído por Luis Carlos Heinze (PP-RS), afirmou que oPparlamento errou. “Nós erramos, acertamos muito mais do que erramos, no meu ponto de vista”, disse.
O senador pediu que o que aconteceu na quarta-feira (7), que culminou na ordem de prisão, “não volte a acontecer”. “Eu espero que isso não ocorra com as próximas, porque fatalmente isso vai inviabilizar de aferir a verdade, porque as pessoas vão vir aqui constrangidas e não vão querer depor mais”, emendou.
O senador Marcos Rogério disse que a CPI tem “de maneira repetida” agido como “julgadores da verdade, juízes da verdade, que presumem como verdade acusações contra o outro, embora contra si sempre invoquem a presunção de inocência”, afirmou. “A régua que mede o outro deve medir cada um de nós. Nós não podemos ter duas réguas, duas medidas”, concluiu.
O caso
Um dos dias mais quentes da CPI do Senado ocorreu nesta quarta-feira, quando o senador Omar Aziz deu voz de prisão para Robeeto Dias, mesmo com ponderações de governistas e de opositores. Dias teve a prisão revertida após pagar fiança.
Mas no decorrer do dia, Omar Aziz apimentou o discurso ao dizer que há no governo representantes das Forças Armadas envolvidos em “falcatruas” e que isso tem sido cada vez mais comum. Ele lembrou que a instituição, tratada pelo brasileiro com muito respeito, tem tido a sua reputação manchada com a corrupção.
A declaração do senador foi mal-recebida na cúpula militar. À noite, as Forças Armadas divulgaram uma nota na qual acusam o senador de “leviano”. De acordo com o texto, Aziz foi “iresponsável” ao fazer os comentários. O mal-estar invadiu o Congresso. Os senadores, principalmente da oposição, esperavam uma reação mais contundente do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, em defesa do colegas, o que não ocorreu.
A quinta-feira começou e transcorreu, portanto, sem um aparente ponto final na crise, apenas com as tradicionais manifestações de políticos dizendo que estava tudo resolvido. Mas a tensão continua.
Com informações do Congresso em Foco