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Da febre amarela à Covid: cenário do passado se repete no presente

Campinas viaja no tempo para resgatar um tempo de dor no século 19, chaga superada com muita dedicação

Janete Trevisani Por Janete Trevisani
6 de abril de 2021
em Cidade e Região
Tempo de leitura: 4 mins
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“Continuamos a lutar com o dragão que ameaça devorar a população desta cidade. Creio que, das pessoas que não puderam sair, raras serão as que escapem da ação terrível do contágio. O número de médicos está muito reduzido, mas hei de ser um dos últimos a sair. Levei para fora minha família. Fiquei só, mas tranquilo, melhor aparelhado pela luta.”

O texto parece ter sido escrito nessa fase da pandemia do coronavírus, mas foi redigido pelo médico João Guilherme da Costa Aguiar quando Campinas foi praticamente dizimada pela febre amarela. Aliás, o próprio Costa Aguiar foi uma das vítimas da epidemia: morreu enquanto cuidava dos doentes, em 19 de maio de 1889.

A febre amarela que invadiu Campinas no Verão de 1889 quase a transformou numa cidade deserta. Ao todo foram cinco surtos (1889, 1890, 1892, 1896 e 1897), sempre com início em fevereiro. O auge ocorria em março e abril, com declínio em maio, sendo que em junho já não havia novos registros da doença.

Em 1886, o município de Campinas contava com 41.253 habitantes. Para o ano da epidemia não há dados oficiais, mas estima-se que a população urbana fosse da ordem de 15 a 20 mil habitantes e que tivessem permanecido na cidade de 3 a 5 mil. Quase a metade foi a óbito.

De acordo com estudo da pesquisadora  Alice Rosa Ribeiro, publicado na ComCiência, revista eletrônica de jornalismo científico, “abandonaram a cidade famílias de posses, com propriedades na zona rural ou com amigos ou parentes moradores em outras localidades”.

Empresas e escolas fecharam as portas, como lembra a pesquisadora em seu levantamento. O Colégio Florence, dirigido por Carolina Krug Florence, foi transferido para Jundiaí. Já as firmas produtoras de máquinas e implementos agrícolas, Cia McHardy e Cia Lidgerwood, transferiram-se para a capital. Várias farmácias também fecharam suas portas: restaram apenas oito, entre elas a Imperial, de propriedade do farmacêutico e vereador Oto Langgaard.

Quem foi Costa Aguiar

Nascido em Itu no dia 11 de junho de 1856, o dedicado Costa Aguiar estudou no colégio dos padres jesuítas de Itu e, em 1878, formou-se na Faculdade de  Medicina do Rio de Janeiro. Muitas das cartas que escreveu durante a epidemia foram reproduzidas pelo médico Cesário Mota Júnior (1847-1897), em artigos publicados logo depois da morte do médico.

A dedicação extrema de Costa Aguiar o levou a assumir a direção da enfermaria do Circolo Italiani Uniti (atual Casa de Saúde). Em uma das cartas, escreveu:  “Hoje vi poucos doentes, 62 até três da tarde, ao passo que tem havido dias de ver 90, e não mais por fadiga”.

Mas Costa Aguiar contou também com a colaboração de outros dois colegas de profissão para cuidar dos enfermos: Ângelo Simões e Germano Melchert. Também entrou em ação o delegado de higiene de Campinas, Antonio Alves do Banho. Havia pouco mais de 20 médicos na cidade quando a epidemia de febre amarela começou, mas a maioria tratou de ir embora daqui por medo do contágio.

Preocupado com o crescente número de mortes, Melchert também tirou a família da cidade, mas permaneceu atendendo os doentes. Ele integrava o corpo clínico do Hospital Beneficência Portuguesa. Ficou em Campinas até 1903, quando se mudou para Santos, onde morreu em 1921.

Irmã Serafina

Também Maria dos Serafins Favrè, a Irmã Serafina, que atuava como enfermeira na Santa Casa desde 1876,  morreu de febre amarela em abril de 1889, aos 44 anos.  Seu atestado de óbito foi assinado pelo médico Ângelo Simões. A inscrição gravada em sua lápide destaca o empenho com que tratava os doentes: “Vítima de sua dedicação”. Quase todas as freiras que trabalharam com ela foram contagiadas pela febre, mas somente Irmã Serafina morreu.

Um médico que não aguentou ficar por aqui foi Adolpho Lutz, que  permaneceu em Campinas entre abril e maio. Em julho, embarcou para o Havaí. Nas Reminiscências sobre a febre amarela publicadas em 1930, ele admitiu que 1889 foi o “ano mais infausto” na história moderna da febre amarela no Brasil.

Irmã Serafina, enfermeira da Santa Casa, morreu de febre amarela aos 44 anos

Graças aos trabalhos realizados de 1902 a 1903 no Hospital de Isolamento de São Paulo, hoje Hospital Emílio Ribas, comprovou-se a teoria formulada pelo médico cubano Carlos Finlay: o transmissor do vírus da febre amarela era o mosquito Stegomya fasciata, hoje denominado de Aedes aegypti. Teve início então o combate ao mosquito nas últimas epidemias de febre amarela no estado de São Paulo, em 1904.

Primeira morte

A primeira pessoa que morreu em decorrência da doença na cidade foi Rosa Becker, de 24 anos, imigrante de nacionalidade suíça, recém-chegada ao Brasil.  Veio com a finalidade de atuar como professora de francês. O mais provável é que tenha se contaminado no porto de desembarque, Santos ou Rio de Janeiro.

Ao chegar aqui, Rosa foi recebida na casa de uma família suíça, proprietária da Padaria Suíça, situada na rua do Bom Jesus (hoje Campos Sales).  O atestado de óbito, assinado pelo médico Germano Melchert, registrou a morte no dia 10 de fevereiro de 1889. Os outros óbitos ocorridos ainda em fevereiro foram de pessoas da família de Ulrich Banninger, dono da padaria, e de clientes do estabelecimento.

José Paulino

Em algumas residências,  moradores atingidos pela doença morriam sozinhos, sem atendimento. A atuação de um homem foi importante nesse momento:  José Paulino Nogueira, presidente da Câmara, que determinou a abertura de enfermarias municipais para receber os “amarelentos”, como eram chamados os doentes da febre amarela.

José Paulino Nogueira determinou a abertura de enfermarias para receber os doentes

 

A moléstia forçou a desativação de cemitérios que existiam na cidade, sendo que todos os enterros passaram a ser feitos no Fundão, atual Cemitério da Saudade.  Uma linha de telefone com conexão direta com o Fundão foi instalada para facilitar os sepultamentos.

Quando o perigo passou, moradores se uniram para festejar o fim da epidemia. Adornaram as vias com arcos, folhagens e bandeiras. Entusiasmados, percorreram as casas e outras ruas em alegre passeata, com a banda de música dos italianos à frente. No livro A Febre Amarela, de Lycurgo de Castro Santos Filho, é narrado o alívio da população pelo fim da epidemia.

A grande epidemia de febre amarela em 1889 abalou a economia e a alegria da “Princesa d’Oeste”. Campinas perdeu casas comerciais e habitantes, cenário muito parecido com o atual.

Tags: Campinasepidemiafebre amarelaHora CampinasJanete TrevisaniMemória
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