Quatro profissionais da imprensa de Campinas, inclusive um repórter fotográfico do Hora Campinas, foram hostilizados e agredidos verbalmente por manifestantes que se concentram em frente à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEX), na manhã desta segunda-feira (09), um dia após a ação terrorista em Brasília. A intimidação ocorreu momentos antes de a Polícia Militar dar ordem de desocupação do local, em cumprimento à medida judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) de desmonte dos acampamentos golpistas pelo Brasil.
O acampamento em Campinas amanheceu com poucos manifestantes nesta segunda-feira. Logo às 7h, a Emdec realizou o desbloqueio da via, fechada domingo pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Quatro profissionais da imprensa que faziam a cobertura do acampamento, por volta das 10h, foram insultados e intimidados por manifestantes. Um deles foi perseguido e relatou que os manifestantes chutaram a porta de seu carro.
Os profissionais ocupavam a área de estacionamento da Escola de Cadetes, e ainda assim ouviram ofensas e intimidações de golpistas exaltados. Houve insultos verbais.
“Uma mulher começou a discutir comigo e um homem se dirigiu ao portão da Escola de Cadetes dizendo que nós não tínhamos autorização para ir lá. Houve muito xingamento e depois me seguiram até o carro e amassaram a porta com chutes”, relatou um repórter fotográfico.
Pouco depois, o repórter fotográfico do Hora Campinas também foi hostilizado. Ouviu ameaças de agressão. Ao deixar o local, começou a ser perseguido por um grupo e conseguiu abrigo próximo ao final da Avenida Papa Pio XII. “Eles ocupam uma via pública e, ainda assim, se acham no direito de intimidar todo mundo, até quem está trabalhando”, afirmou.
O repórter fotográfico ainda conseguiu fazer imagens dos manifestantes agredindo verbalmente motoristas que passavam de carro pela avenida.
Uma mulher teve o carro bloqueado na vida por um apoiador para que os manifestantes pudessem disparar insultos e xingamentos contra ela.
No vídeo é possível ver que homens colocavam a cabeça dentro do carro para agredi-la verbalmente, soltando palavrões, enquanto um veículo mais à frente travava a trânsito para que ela não saísse dali.
Desocupação
Minutos depois dos ataques aos jornalistas, a Polícia Militar se instalou perto do acampamento para, segundo afirmou um dos PMs, acompanhar de longe a desocupação que, disse, seria pacífica.
A Avenida Papa Pio XII foi novamente fechada, dessa vez com o argumento de que seria necessário o bloqueio para a retirada das várias tendas e barracas que ocupam a região desde o início de novembro.
A Avenida Coronel Amâncio Bueno, que termina na Papa Pio XII, está com a última quadra bloqueada há mais de dois meses. Nesse trecho, bolsonaristas instalaram banheiros químicos e tendas de alimentação e concentração.
O canteiro central da Papa Pio XII foi ocupado por caminhões, carros de som e tendas, por aproximadamente três quarteirões.
Também nesta manhã, a Prefeitura de Campinas, por meio da assessoria de imprensa, enviou comunicado sobre o apoio da Guarda Municipal, da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e da Serviços Técnicos Gerais (Setec). Diz a nota da Prefeitura:
“Atendendo solicitação do comando da Polícia Militar, a Prefeitura de Campinas disponibilizou a Guarda Municipal, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e a Serviços Técnicos Gerais (Setec) para apoiar a medida judicial, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de desocupação do acampamento em frente à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). A operação de desocupação, como definiu o STF, será comandada pela Polícia Militar. A Guarda Municipal, além de dar suporte à operação, vai reforçar a segurança nos prédios públicos da cidade.”
A Emdec confirmou a desobstrução da via fechada ainda no domingo, porém, restos de entulho, de madeira e partes de móveis continuam ocupando o canteiro central da avenida. Todo esse material é usado pelos manifestantes para interditar a via, com bloqueios frequentes nos finais de tarde e fins de semana.