O construtor do imóvel que desabou na manhã de quinta-feira (3) em Rio das Pedras compareceu à polícia e disse que a construção era irregular. Genivan Gomes Macedo prestou depoimento espontâneo. Ele perdeu o filho, Nathan de Souza Gomes, e a neta, Maitê Gomes Abreu, no desabamento. Sua nora, Maria Quiaria, ficou presa nos escombros e continua hospitalizada.
Genivan contou aos policiais que comprou o terreno onde foi erguido o prédio há cerca de 25 anos e foi construindo o imóvel aos poucos, com ajuda de pedreiros. Segundo ele, não havia planta do prédio e nunca foi contratado pessoal especializado para a obra. Também não havia escritura, tratando-se de posse.
Genivan disse no depoimento que não sabia haver qualquer tipo de problema com o imóvel. Ele relatou, porém, que há cerca de 15 dias uma janela do imóvel estourou, o que já podia ser os primeiros sinais de movimentação da estrutura, mas se pensou que tivessem jogado alguma pedra contra a vidraça.
Fiscalização
Nesta sexta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse que o município realizou, somente nesta semana, três operações para derrubada de edificações que vinham sendo construídas de forma irregular. Paes afirmou que pretende aprimorar instrumentos de fiscalização para evitar mais desabamentos, como o que ocorreu quinta-feira (3) em Rio das Pedras, deixando duas pessoas mortas e quatro feridas.
“Recentemente fizemos uma operação às margens da Linha Vermelha, na Maré. Estavam construindo um prédio de três andares, do dia para a noite, e fomos lá derrubar. Estamos voltando a fazer operações permanentes. Só nesta semana foram três. Tivemos demolição em Vargem Grande, Cesarão”, disse Paes.
Ele criticou quem se manifesta contra essas operações. “Pobre tem que ter acesso à política habitacional. É um desafio da nossa cidade”, acrescentou.
A tragédia em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade, ocorreu pouco mais de dois anos depois de episódio similar em uma comunidade vizinha. Em abril de 2019, dois prédios desabaram na Muzema e deixarem 23 mortos, além de oito feridos. Na época, a prefeitura, sob gestão de Marcelo Crivella, reconheceu dificuldades para atuar na região devido à atuação de milícias.