Caminhando para 3 mil mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, a cidade de Campinas registrou um crescimento vertiginoso de óbitos relacionados à doença entre o fim de março e início de abril, durante o momento mais crítico da crise sanitária do novo coronavírus. No último dia 6, a Prefeitura de Campinas reportou em boletim recorde de 69 mortes referentes ao período.
Além do sistema de saúde ficar à beira do colapso com o aumento das contaminações, o setor funerário também sofreu forte impacto com a consequente alta de falecimentos. Segundo balanço fornecido pela autarquia Serviços Técnicos Gerais (Setec), os cemitérios municipais da Saudade, de Sousas e dos Amarais registraram 808 enterros, no total, em março.
Somando os meses de janeiro, fevereiro e março, a média de sepultamentos do primeiro trimestre corresponde a 670. O índice está 22% acima da média mensal de 549 em 2020 e 31% superior aos 510 de 2019.
Cemitérios particulares
De acordo com dados obtidos junto à Comunidade Religiosa Santa Rita de Cássia, que administra os cemitérios Parque Flamboyant, das Aleias e das Acácias, foram realizados 771 funerais entre janeiro e março deste ano, um aumento de aproximadamente 64% em comparação com o mesmo período de 2020, quando ocorreram 472 enterros.
Somente no último mês de março, os três cemitérios administrados pela Comunidade Santa Rita registraram 316 sepultamentos, maior número verificado durante a pandemia no espaço de apenas um mês. Desse total, foram realizados 107 funerais no Aleias (53 mortes confirmadas por Covid-19 e 11 suspeitas), 105 no Acácias (48 mortes confirmadas por Covid-19 e 4 suspeitas) e 104 no Flamboyant (47 mortes confirmadas por Covid-19 e 7 suspeitas).
Nos primeiros 15 dias deste mês de abril, já foram 170 enterros, sendo 65 no Aleias (36 mortes confirmadas por Covid-19 e 3 suspeitas), 59 no Flamboyant (6 mortes confirmadas por Covid-19 e 5 suspeitas) e 46 no Acácias ( 22 mortes confirmadas por Covid-19 e 2 suspeitas).
Apenas no dia 28 de março, ocorreram 21 enterros, maior quantidade assinalada em uma única data.
“A Comunidade tem atendido a demanda alta sem aumentar a equipe. Caso aumentem mais os números, o time terá de ser ampliado”, informou a assessoria da Comunidade Santa Rita. “Desde o início da pandemia, a Comunidade seguiu todos os protocolos sanitários e orientou todos os visitantes e familiares durante os funerais das necessidades de se seguir à risca o distanciamento social, uso de álcool gel e uso obrigatório de máscara. Os velórios têm limite de participantes – cinco pessoas por vez – e os campos santos ficaram fechados nas fases em que as autoridades impuseram essa necessidade”, destacou a Comunidade, também por meio de sua assessoria.
Nos cemitérios da Comunidade Santa Rita, os casos de mortes confirmadas e suspeitas de Covid-19 exigem sepultamento sem velório, com as urnas lacradas e impossibilitadas de abrir. Já velórios que não têm relação com óbito por Covid-19 possuem tempo limite de duração de duas horas.
A Comunidade disponibiliza o serviço de velório on-line, que permite a participação segura de familiares e amigos nos funerais. A senha é disponibilizada gratuitamente e o acesso se dá por meio do site www.comunidadesantarita.com.br.
Plano Funerário
Segundo estimativa do Grupo Serra, que oferece planos funerários na região de Campinas, houve um aumento de fluxo de aproximadamente 180% na comparação de março com os meses anteriores. “A Covid afetou o mundo e também vem se alastrando no nosso setor, porém nós tínhamos condições de atendermos em média o dobro de nossa capacidade operacional em termos de mão de obra. Quanto à matéria-prima, temos picos na queda de fornecimento. Como estamos hoje com um aumento de 45% a 55% de atendimentos, o nosso estoque de segurança chega a ser utilizado em alguns momentos. O aumento dos custos ainda não foi repassado para os clientes”, explica Jonatas Carvalho, gerente financeiro do Grupo Serra.