A Fundação Educar e a Diretoria de Ensino Oeste de Campinas se reuniram, no último dia 20 de junho, com cerca de 150 profissionais de educação para falar sobre Educação e Presença – um olhar atento para adolescentes e crianças. O debate passou por questões sobre como as crianças e os adolescentes voltaram para as aulas presenciais após quase dois anos; como está a saúde mental dos estudantes; e, além de defasagem no conteúdo escolar, questionou quais outros desafios os educadores estão enfrentando.
O evento contou com a presença do psicólogo, psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos Iuri Capelatto, que trouxe dados de estudos, casos reais, questionamentos e muita inspiração para o público presente. A coordenadora de projetos da Fundação Educar, Cristiane Stefanelli, que trabalha com o protagonismo juvenil na Academia Educar, detalhou sobre as competências socioemocionais nas relações escolares, além de trazer depoimentos de jovens protagonistas que estão fazendo a diferença no mundo.
Iuri Capelatto destacou que o ser humano sempre andou em grupo, então o isolamento social ocasionado pela pandemia trouxe muitos prejuízos. “A pandemia acabou destruindo a saúde mental e agora temos que recuperá-la. É preciso ouvir o que as crianças e os adolescentes têm a falar, suas angústias, dores e sofrimentos”.
Iuri Capelatto afirma que as crianças pequenas que ficaram sem frequentar as escolas infantis perderam muitas habilidades sociais.
“Elas foram privadas de ter contato com as crianças da própria idade, não aprenderam a dividir, a lidar com limites dentro de um espaço escolar. Os estímulos no ensino infantil que são o pré-requisito para alfabetizar também ficaram prejudicados e hoje as crianças estão chegando com mais dificuldades para serem alfabetizadas. Tivemos um prejuízo físico e mental. As habilidades motoras também foram prejudicas. Também estamos vendo prejuízos com a saúde, como o sedentarismo e a obesidade infantil”, narrou em sua fala.
Os adolescentes perderam muito conteúdo e também a motivação na escola. “Muitos jovens não estão sabendo lidar com os colegas ou com as vivências da escola, perderam a habilidade de sentar e fazer uma prova, e de entender a importância do conteúdo”, disse o psicólogo.
Capelatto acredita que podíamos usar a pandemia como uma chance de rever para que serve a escola. “A escola serve para desenvolver a habilidade social, oferece um espaço de interação para que os jovens possam ver o mundo fora de casa, trabalhar a empatia. Um espaço para ensinar conhecimentos e bases necessários e também um espaço para rever a formação do sujeito como um todo”, afirma.
Possíveis caminhos
A Fundação Educar é parceira das Diretorias de Ensino de Campinas desde 2006. “Juntos colaboramos em muitos projetos que promovem a educação cidadã e protagonista. São formações de adolescentes, de gremistas, de mediadores de leitura e de professores. Essa formação, em parceria com a Diretoria de Ensino Oeste, foi mais um dos espaços pensados para contribuir com a prática dos profissionais que estão na escola e que enfrentam desafios no retorno ao presencial”, destaca a coordenadora de projetos da Fundação Educar, Cristiane Stefanelli.
O encontro teve como linha condutora a temática ‘Educação e Presença – um olhar atento para crianças e adolescentes’ e contou com conteúdo e reflexões sobre possíveis caminhos e práticas para contribuir com a saúde mental e o estímulo do desenvolvimento socioemocional, por meio do protagonismo estudantil.
“Sabemos que os desafios são grandes, mas juntos — poder público, escolas, parceiros, comunidades e estudantes —podemos buscar o funcionamento do ecossistema que garante a educação de qualidade para todas as pessoas”, diz Cristiane.