O interesse de voluntários campineiros nos testes da vacina Covaxin surpreendeu o médico José Saraiva, investigador principal do estudo no Instituto de Pesquisa Clínica de Campinas (Ipecc). Nada menos do que sete mil pessoas do município se inscreveram para os ensaios da fase 3. Em todo o Brasil serão recrutados 4,5 mil voluntários.
Os testes deveriam ter começado no mês passado, mas como os imunizantes contra a Covid-19 não foram enviados pelo laboratório indiano Bharat Biotech, a previsão é de início em julho.
Além de Campinas, a Covaxin será testada em São Paulo, São José do Rio Preto, Rio de Janeiro, Salvador e Campo Grande.
O estudo é coordenado pelo Hospital Albert Einstein. Os testes da vacina indiana, autorizados pela Anvisa em maio passado, envolvem preferencialmente pessoas entre 18 e 45 anos, públicos que ainda não foram contemplados pelo Plano Nacional de Imunização.
“Realmente foi um número surpreendente de voluntários. São pessoas com menos de 45 anos, que preenchem o requisito de não terem contraído a Covid-19 até agora”, detalhou Saraiva, confirmando que os testes devem ter início no próximo mês.
A fase três é a última etapa de testes. Os voluntários são divididos em dois grupos: um toma placebo e o outro, a vacina, porém nenhum dos participantes sabe de qual grupo faz parte.
O Bharat Biotech já realizou testes da fase 3 na Índia com 25,8 mil no fim do ano passado e os resultados, anunciados em março desse ano, indicaram eficácia de 78% contra casos graves e de quase 100% contra óbitos.
Estudos às cegas levam meses para serem finalizados, tempo que não está disponível para o estudo da Covaxin no Brasil. “Aqui, felizmente, a imunização avança e, em breve, os mais jovens terão a chance de serem vacinados, o que forçará a conclusão dos ensaios antes do tempo necessário.
“Basicamente esse estudo pedido pela Anvisa servirá para comprovar a segurança da vacina Covaxin”, explica Saraiva.
No início do mês, a Anvisa aprovou, com restrições, o pedido de importação excepcional da Covaxin. A autorização se aplica a um lote de 4 milhões de doses, que poderão ser utilizadas sob condições específicas determinadas pela Agência.
No Brasil, as vacinas autorizadas pela Anvisa até o momento são a CoronaVac, Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e a da Janssen, que ainda não foi enviada ao país pela fabricantes.