O novo reajuste de 8,9% no preço do diesel, anunciado pela pela Petrobras na segunda-feira (9), trouxe um cenário de incertezas para os sistemas de transporte público na Região Metropolitana de Campinas (RMC). As concessionárias do transporte coletivo apontam que a alta nos custos pode gerar um colapso no setor. Já Vinicius Riverete, diretor-presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), aponta que há equilíbrio econômico-financeiro no setor, aumento no número de passageiros, e descarta medidas drásticas.
De acordo com Riverete, as sucessivas altas no preço do combustível são preocupantes. “Isso é uma coisa preocupante e que está acontecendo em todo o país. O aumento do diesel gera um impacto muito grande no transporte público e isso não é só em Campinas. Tanto que esse é o principal assunto tratado na Frente Nacional dos Prefeitos. O governo federal precisa cumprir seu papel e tratar desse tema, dando uma assistência ao setor”, avalia.
O diretor da Emdec afirma, contudo, que não há motivo para tanto alarde por parte das empresas concessionárias do transporte público. “O diesel aumentou 15% em março, por exemplo, mas o número de passageiros aumentou 18% no mesmo período. Houve aumento de receita, ou seja, houve equilíbrio”, afirma.
“Não tem redução de frota, toda semana temos discutido todos esses assuntos. Com o novo aumento vamos ter de reavaliar a situação, pode ter novo aumento de passageiros como tem aumentado todos os meses”, avalia Riverete.
ENTENDA
Os dados revelam que, somados aos reajustes anteriores do combustível, o diesel já subiu 47% este ano, gerando um impacto acumulado nas tarifas de 15,4%, conforme cálculo realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Hoje, o diesel é o principal componente na cesta de insumos do setor de transporte.
As concessionárias do transporte coletivo realizaram uma reunião emergencial para discutir o problema na sede da Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp). “Se nada for feito por parte do Poder Executivo, sejam os governos municipais ou estadual, uma das únicas alternativas que nos resta é reduzir a quantidade de ônibus nas ruas”, afirma Paulo Barddal, diretor de Comunicação do sindicato.
O diesel, no mês de abril, já havia superado o custo da mão de obra que, historicamente, era o de maior peso na composição das planilhas.
“As altas estão sendo constantes e os governantes não estão dando respostas para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Antes da pandemia, o maior custo que as concessionárias tinham era com a mão de obra, cerca de 50% do total. Em abril, o diesel representou 37,3% enquanto a mão de obra respondeu por 36,8% dos custos”, informa Barddal.
O SetCamp defende a criação ou a revisão dos valores dos subsídios existentes pois o transporte é considerado um serviço essencial, cujo direito de ir e vir é garantido na Constituição Brasileira. O subsídio, afirma o diretor do SetCamp, é uma forma justa para garantir um transporte de qualidade e precisa ser revisto sempre pois os custos estão ficando insustentáveis.