Em dia de eleição, é proibido fazer a distribuição de “santinhos” na frente dos locais de votação. Os candidatos e seus apoiadores, no entanto, se utilizam do “jeitinho” para tentar fisgar de última hora os eleitores indecisos e forram as ruas e calçadas com as colinhas. Só que a estratégia pode representar um “tiro no pé”. O Hora Campinas constatou que os eleitores se mostram saturados com o acúmulo de lixo provocado por aqueles que buscam pelo voto a qualquer custo.
“Isso é dinheiro nosso jogado fora”, esbraveja a eleitora Vilma Rudzit, de 77 anos, apontando para os papéis à frente da EE Neli Helena Assis de Andrade na Vila Marieta, em Campinas. “Infelizmente, essa é a cultura do Brasil, não tem jeito”, completa Vilma.
O eleitor Bruno dos Santos pede compreensão por parte dos candidatos e seus apoiadores. “Eles não veem que esse lixo entope bueiro e causa alagamento?”, questiona. “Os responsáveis por essas propagandas deveriam ser punidos”, sugere. “Amanhã, os coletores de lixo da Prefeitura não darão conta de limpar tudo isso”, completa Salvador Queiróz.
O Hora Campinas constatou que a eficácia da estratégia em conseguir voto de última hora com os santinhos espalhados pelas ruas também é duvidosa. A reportagem esteve presente na frente de alguns locais de votação e não verificou ninguém que levasse para dentro da seção uma colinha colhida do chão. Somente alguns curiosos pegavam, mas logo em seguida descartavam.
“Pode ser que um ou outro pegue, mas estou aqui há 35 minutos esperando meu marido acabar de votar e não vi ninguém pegando”, comentou Helena Oliveira, na frente da EE Júlio de Mesquita, no Jardim dos Oliveiras, em Campinas. “Esses papéis só provocam sujeira mesmo. Hoje em dia, todos têm acesso à informação e já vêm votar com a colinha preparada de casa. Não precisa mais dessa sujeira toda.”
Os papéis ficam espalhados pelas ruas e calçadas antes mesmo da abertura dos locais de votação, o que prejudica a identificação dos responsáveis. Quem for flagrado distribuindo santinhos na frente das seções pode ser penalizado com prisão, que varia de seis meses a um ano, cumprimento de trabalhos comunitários ou multa.