O ano de 2020 foi marcado pela pandemia e o confinamento global. Milhões de pessoas precisaram se adaptar à realidade do isolamento social, e houve um enorme aumento na procura por animais de estimação no período. Os cães passaram a ser vistos não só como companhia, mas também como parceiros de atividade físicas dos tutores.
De acordo com a Pets4Homes, site de adoção de pets no Reino Unido, em maio de 2020 havia 400 pessoas para cada pet anunciado no site do país, ou seja, poucos animais disponíveis. Além disso, no ano passado as apólices de seguro para animais de estimação aumentaram 59%, segundo dados da LV= General Insurance, as pesquisas do Google sobre “adquirir um filhote” cresceram 115% e os preços de algumas das raças mais procuradas atingiram níveis recordes.
Mas 2021 chegou com uma realidade diferente.
Os abrigos de animais no país se preparam para uma nova onda de animais abandonados e os sites de vendas de animais de estimação estão se enchendo de listas de filhotes sendo revendidos. Os números da Instituição Britânica Dog’s Trust, entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, apontaram um aumento de 41% no tráfego da web para sua página Giving Up Your Dog e o abrigo de cães e gatos Battersea Dogs & Cats Home, também no Reino Unido, prevê um provável aumento de até 27% para cães abandonados nos próximos cinco anos.
Além disso, uma medida em território americano pode afetar diretamente o aumento de cães abandonados também no Brasil. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos anunciou que desde 14 de julho não será permitida a importação de cães de 113 países durante um ano. A ação, segundo o órgão, é uma medida de prevenção para evitar o risco de circulação do vírus da raiva canina, já que segundo o governo americano, durante a pandemia, houve um aumento de importações desses animais e foi constatado que muitos chegaram ao país com certificados falsos de proteção contra a zoonose.
A proibição se aplica a todas as raças de cães, animais de apoio emocional e os que estiveram em locais considerados de alto risco nos últimos seis meses, e o Brasil está na lista.
Segundo Tammie King, especialista em comportamento animal da Mars Petcare, os animais de estimação trazem uma série de benefícios para os humanos, incluindo o alívio da ansiedade e redução da sensação de solidão, por isso a busca por um pet cresceu em 2020. Mas, ter um cão exige comprometimento e dedicação para a adaptação total e para que suas necessidades de saúde e bem-estar sejam atendidas. Quando isso é deixado de lado, problemas comportamentais podem surgir, como ansiedade, medo, agressividade, destruição de objetos, que podem causar desconforto ao tutor.
“No início da relação tutor e pet, esse é um comportamento normal, mas para alguns pode não ser fácil de gerenciar. É preciso ter paciência e cuidado para treinar o cão a fim que a situação não volte a se repetir. Geralmente os filhotes são mais curiosos e ficam ainda mais ansiosos com a possível separação do seu tutor após longos períodos juntos”, conta King.
Dados da Associação dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação do Reino Unido, mostram que 59% dos tutores de cães têm menos de 34 anos. Essa mesma demografia geralmente busca informação sobre aquisição de um pet na internet, mas nem sempre com a profundidade necessária. Segundo um levantamento do Pets4Home, britânicos preferem cães de raça, mas nem sempre realizam a pesquisa para saber tudo sobre as características e o perfil do pet, incluindo dados de comportamento, personalidade e energia dos animais, a fim de encontrar um pet que tenha sinergia com a vida familiar para uma posse responsável – e não por impulso.