Competição extrema, disrupção tecnológica, multiplicidade de investimentos, ações sempre oscilantes e fundos multicarteiras pedindo passagem. É neste ambiente que o mercado financeiro tem buscado se equilibrar, pressionado pelo avanço das fintechs e suas soluções inovadoras ao alcance do público mais jovem, e de olho no cenário macroeconômico ainda instável por conta do impacto da pandemia da Covid-19.
Executivos de grandes bancos e gestores de carteiras de investimentos têm um desafio a mais nessa tarefa: encontrar ganhos interessantes para um perfil de cliente bem informado, que não gosta de ver o seu dinheiro parado, sem gerar dividendos.
E não basta indicar caminhos, é preciso ser relevante, ter a confiança desse investidor.
No ambiente premium dos bancos, a competição é evidente. São profissionais que trabalham com o topo da pirâmide da pessoa física. Parte desse estrato social tem empresas familiares e também precisa de orientação jurídica para vários assuntos, entre eles a sucessão entre os membros do clã. “Temos que ter ferramentas de atendimento qualificado e oferecer aconselhamento financeiro. Não só para manter os níveis de rentabilidade, mas também para alcançar uma grande escala de eficiência”, comenta o executivo Vitor Ohtsuki, diretor da área de Private Banking do Santander. Seu horizonte de relacionamento é com clientes com perfil de investimento entre R$ 5 milhões “até o infinito”.
De acordo com o executivo, assessorar famílias com essa capacidade financeira exige qualificação e conhecimento do mercado. Ele tem um importante papel na instituição financeira que representa, pois atende parte do PIB do Interior paulista, incluindo a região de Campinas. “Atendemos todo tipo de empresário, seja de grandes conglomerados industriais, seja da força do agronegócio, do etanol e da energia”, comenta. “A interiorização dessa força econômica é evidente”, ratifica.
Expansão
Terceiro maior banco privado do País, o Santander pretende duplicar o tamanho do seu segmento private banking nos próximos cinco anos, com um aumento de 50% em sua participação de mercado interno nesse período. Para isso, segundo Ohtsuki, o banco está iniciando um plano de expansão dos negócios, que inclui investimento em tecnologia para acelerar a digitalização, ampliação da oferta de produtos e a contratação de 60 pessoas nas próximas semanas, o que representa um incremento de 40% de sua estrutura de pessoal. Hoje o segmento emprega 150 funcionários. Das 60 novas vagas destinadas para todo o País, 40 ficarão alocadas no estado de São Paulo.
Hoje, o Santander tem nove escritórios dedicados ao segmento de private banking.
Além da sede, em São Paulo, essas estruturas estão localizadas em Campinas, Ribeirão Preto, Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF). Para atender aos clientes do segmento private, a instituição considera que não é necessário deter mais estruturas físicas. Precisa apenas que o banker – pessoa responsável pelo atendimento – esteja presente no dia a dia dos clientes, onde quer que eles estejam, utilizando um notebook e um celular em conectividade com o restante da equipe, que atende demandas muito específicas e técnicas.
As regiões do Interior de São Paulo, do Centro-Oeste (Goiânia, Cuiabá, Campo Grande) e do Sul (Curitiba e Chapecó) terão como foco principal o cliente ligado ao agronegócio, especialmente as famílias com alto faturamento, elevando a interiorização do atendimento dedicado – seja de forma presencial ou remota. “Precisamos estar próximos de onde a riqueza é gerada e o setor de agronegócios é um dos motores de crescimento do País, inclusive no Interior paulista”, reforça Vitor Ohtsuki.
“Campinas foi um dos primeiros escritórios que abrimos. Entendemos que é uma região diferenciada”, aponta.
Segundo o executivo, clientes que atuam nesse setor precisam ser atendidos por especialistas que entendam não só de serviços e produtos sofisticados, mas de suas necessidades específicas. Com a ação de ampliação do atendimento, o Santander espera ver sua fatia de agronegócios saltar de 2% a 3% para 15% a 20% da carteira total de clientes.
Juros
O mercado financeiro, os analistas e as autoridades econômicas estão de olho na inflação. Esses picos de aceleração dos preços ocorrem num momento em que a crise sanitária causada pela Covid-19 segue desafiando o País, deixando incerta a retomada econômica consistente ainda paea 2021.
Diante desse cenário inflacionário, na última semana o Comitê de Política Monetária (COPOM) aumentou pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juros. Agora, está em 4,25%. Esse movimento impacta diretamente a oferta de crédito no País, de acordo com especialistas. “A Selic é uma das principais referências para o segmento de crédito, com efeitos reais na produção, consumo, controle da inflação e estímulos à atividade econômica”, comenta Andre Luiz Silva, Chief Operating Officer da a55, fintech que viabiliza crédito para empresas de tecnologia e receita recorrente.
“Ainda é um bom momento para o crédito, porque mesmo subindo 0,75% o impacto real não será tão sentido no curto prazo. O repasse para os tomadores deverá ocorrer nos próximos meses, tudo isso aliado ao fato de que para operações de crédito de fintechs, a origem do recurso normalmente é um fundo de investimento e sua performance pode estar atrelada a outros índices que não o da taxa Selic”, conclui o COO.