O Festival Mandingueira celebra o protagonismo feminino no samba com quatro rodas abertas ao público e shows com artistas convidadas, reunindo cantoras, instrumentistas e compositoras da Região Metropolitana de Campinas, Americana, Sorocaba e Itu.
O evento será realizado a partir de sábado (30) e até 28 de outubro, em diversos espaços culturais da cidade, sempre com entrada gratuita. O festival dá continuidade à Roda Aberta Mandingueira – um projeto tradicional idealizado e produzido pelo grupo Mana Dinga que, desde 2017, promove ações de divulgação e projeção de sambas feitos por mulheres.
Atualmente, as sambistas e compositoras Carla Vizeu e Milena Machado estão à frente do grupo na idealização e produção deste festival. “Nos nossos shows, sempre compareciam mulheres que seguiam nosso trabalho e que queriam mostrar sua arte, cantar e tocar junto conosco nas apresentações. Sentimos, então, que havia uma necessidade na cidade de fomentar rodas de samba com protagonismo feminino, para que essas muitas mulheres pudessem se expressar através da arte. Assim, no mesmo ano que surgiu o grupo de samba Mana Dinga, surgiu também a roda Mandingueira, abrindo espaço para o samba autoral feminino e feminista”, contam as integrantes da Mana Dinga.
A primeira atração do festival é o show com Samba de Moleca, que será realizado no sábado (30), na Casa de Cultura Ibaô, às 15h. Formado por Ana Praxedes (cavaco e voz), Renata Alves (voz), Simone Siqueira (agogô, pandeiro, surdo, tamborim e coro) e Yandara Pimentel (agogô, conga, rebolo, tamborim, surdo e coro), o grupo apresenta um repertório com mistura de ritmos afro-brasileiros, interpretando composições consagradas, atuais, além de canções autorais do grupo.
As integrantes são mulheres negras e reverenciam a ancestralidade em sua apresentação como grupo: “A mulher negra foi fundamental para a construção e consolidação do que hoje chamamos de samba. Vozes silenciadas pelo machismo e racismo, mas que com alegria, dança, canto, palmas e quitutes fizeram de suas casas e terreiros possíveis os espaços de cuidado, reza, afeto, trocas. Agarrado no ventre de nossas ancestrais e inspirado por grandes nomes, ainda que silenciados e proibidos, o Samba de Moleca surge da necessidade de reivindicarmos esse lugar que sempre foi nosso, o protagonismo das mulheres pretas no samba”, destacam.
Após cada show de grupos e artistas convidados, será realizada a Roda de Samba Mandingueira que é aberta a todas as pessoas que quiserem tocar e cantar junto com uma banda base. As organizadoras convidam todas as pessoas que amam o samba a trazerem seus instrumentos e a integrar a roda aberta. Neste dia, a banda base da roda contará com Luiza Pierre (violão 7 cordas), Milena Machado (violão 6 cordas), Ilcéi Mirian (cavaquinho), Simone Siqueira (pandeiro), Carla Vizeu (percussão leve) e Lauren Taki Ryu (surdo).
Intérpretes e compositoras convidadas
A programação do Festival Mandingueira continua no sábado, 7 de outubro, na Praça do Coco, em Barão Geraldo, às 11h, com a participação de intérpretes e compositoras de Campinas, Itu e Sorocaba que apresentam um repertório de sambas consagrados e também músicas autorais.
O público poderá conhecer o trabalho de Valéria Santos, que nasceu em uma família de músicos. Sobrinha do sambista Biro do Cavaco e do produtor artístico Adilson Santos, ela vem abrilhantando os palcos de Campinas e região com toda sua versatilidade, passeando entre os diversos estilos de samba, desde os clássicos até os pagodes dos anos 90.
Também de Campinas, se apresenta Naná Cosme que é cantora, intérprete e ativista nos grupos de cultura popular afro-brasileira e rodas de samba na cidade. Também integra a programação Betinha Dias que é cantora, violonista e compositora da cidade de Itu, com cerca de 16 músicas autorais registradas. Claudinha Volkov, sambista, intérprete e compositora na cidade de Sorocaba, completa o time de convidadas do 2° sábado do Festival Mandingueira.
A banda da roda aberta Mandingueira contará com Luiza Pierre (violão 7 cordas), Milena Machado (violão 6 cordas), Ana Praxedes (cavaquinho), Simone Siqueira (pandeiro), Carla Vizeu (percussão leve) e Maíra Guedes (surdo).
Mandingueira convida Enfamília
O grupo Enfamilia apresenta o show “A família do samba” no dia 21 de outubro, às 15h, na sede da IAPI (Sociedade Beneficente dos Amigos da Vila IAPI). Formado por Aline Daniele, Ana Luiza, Glaucia França, Kleberson Nascimento, Maria Claudia e Leandro Nascimento, o grupo surgiu em 2001 em Campinas motivado pelo gosto musical da família Nascimento.
O show tem como destaques a presença e representatividade de mulheres, o trabalho vocal comparado à estrutura de grupos como Demônios da Garoa, Originais do Samba, Fat Family e Roupa Nova, além de um repertório versátil que passa pelo samba, samba-rock, MPB, black music e pagode.
A banda que puxa a roda aberta na sequência do show é formada por Luiza Pierre (violão 7 cordas), Milena Machado (violão 6 cordas), Ilcéi Mirian (cavaquinho), Simone Siqueira (pandeiro), Carla Vizeu (percussão leve) e Lauren Taki Ryu (surdo).
Mandingueira Autoral
O encerramento do Festival Mandingueira reverencia o samba autoral de mulheres com as compositoras convidadas Renata Alves, Andréia Preta, Sinhá Rosária e Janaína Grisante. O show será no dia 28 de outubro, na Sala dos Toninhos, na Estação Cultura, às 15h.
Conforme a organização, após o show todas as pessoas são convidadas a integrar a roda aberta (seja tocando, cantando ou dançando) e continuar o samba que terá na banda base Luiza Pierre (violão 7 cordas), Milena Machado (violão 6 cordas), Ana Praxedes (cavaquinho), Anisha Vetter (pandeiro), Carla Vizeu (percussão leve) e Maíra Guedes (surdo).
O Festival reúne aproximadamente 25 mulheres, entre compositoras, instrumentistas, cantoras e equipe de produção.
Esta primeira edição do festival consolida uma série de atividades potentes de promoção do protagonismo feminino no samba de Campinas. Entre elas, oito rodas de samba em diferentes lugares da cidade de Campinas, reunindo cerca de 150 ritmistas, cantoras e compositoras, levando o samba autoral de mulheres a um público total estimado de 500 pessoas. Outro projeto importante que apoiou a curadoria do festival foi o SambaTear – Tecendo o Samba entre Mulheres, no qual o grupo Mana Dinga realizou, em 2021, um mapeamento de mulheres sambistas e uma mostra com 18 vídeos de compositoras de samba do interior do estado de São Paulo.
SERVIÇO:
Festival Mandingueira – Shows e rodas de samba com protagonismo feminino em Campinas, de 30/09 a 28/10. Entrada: gratuita, com ingresso opcional de 1kg ou mais de alimentos não perecíveis que serão distribuídos em instituições.
Programação:
Mandingueira convida Samba de Moleca
30/09, às 15h, na Casa de Cultura Ibaô (R. Ema, 312, Vila Padre Manoel de Nóbrega. Campinas-SP).
Mandingueira convida intérpretes e compositoras de Campinas e região
07/10, às 11h, na Praça do Coco (R. José Martins, 738, Barão Geraldo. Campinas-SP)
Mandingueira convida Enfamília
21/10, às 15h, na Sede IAPI (R. Almir Carneiro Silva, 170, Vila Teixeira. Campinas-SP)
Mandingueira Autoral
28/10, às 15h, na Sala dos Toninhos (Av. Francisco Teodoro, 1050, Vila Industrial – atrás da Estação Cultura – Campinas-SP).
O Festival Mandingueira é patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – FICC 2022, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas. O FICC tem como finalidade fomentar a produção artística local.