O médico Gustavo Khattar de Godoy – filho do presidente do Conselho Editorial do jornal Correio Popular, Sylvino de Godoy Neto – depôs nesta sexta-feira (23) ao juiz Caio Ventosa em mais uma etapa do processo que apura desvios de recursos públicos no Hospital Ouro Verde, em Campinas, no período em que a instituição esteve sob a gestão da Organização Social Vitale Saúde.
Gustavo foi um dos alvos da 3ª Fase da Operação Ouro Verde, deflagrada pelo Gaeco – o braço de combate ao crime organizado do Ministério Público – em novembro de 2018. Ligações telefônicas de envolvidos nos desvios, gravadas pelo MP com autorização judicial, apontaram para vantagens que teriam sido obtidas por ele, a partir do esquema montado por diretores da Vitale.
A Vitale Saúde administrou o Hospital Ouro Verde por cerca de 18 meses e neste período recebeu repasses da Prefeitura que somaram aproximadamente R$ 200 milhões.
A Vitale Saúde administrou o Hospital Ouro Verde por cerca de 18 meses e neste período recebeu repasses da Prefeitura que somaram aproximadamente R$ 200 milhões. O total do que foi desviado ainda não foi idenfiticado, mas a Prefeitura de Campinas chegou a ingressar na Justiça com pedido de ressarcimento de R$ 42 milhões – que seria o prejuízo provocado pela atuação da Vitale ao hospital.
Segundo apurou o MP, Gustavo teria sido contratado a pedido do pai, Sylvino de Godoy, para administrar o setor de radiologia do hospital. Teria sido contratado com salário de R$ 45 mil – que estaria muito acima do valor de mercado na época – e que além disso, cobraria valores superfaturados nos exames de imagens, de acordo com o MP.
Gustavo Khattar de Godoy foi ouvido pelo juiz no começo da tarde desta sexta-feira (23). Segundo o advogado Ralph Tórtima, Gustavo “demonstrou” que não recebeu salários superfaturados. “Antes disso, ele trabalhava num hospital particular, muito menor, e ganhava mais de R$ 40 mil. E olha que ele trabalhou por oito anos lá (nesse hospital menor)”, disse o advogado. “O salário dele era de R$ 40 mil bruto. Com os descontos ficava abaixo dos R$ 30 mil, o que para a função que ocupava, num setor que fazia mais de 12 mil exames, é algo bastante plausível”, argumentou.
“Não havia preço acima do mercado. Pelo contrário. Estava abaixo da tabela SUS”
“Ele também demonstrou que o valor cobrado pelos exames estava abaixo do valor de mercado e equiparado ao do SUS”, disse. “Não havia preço acima do mercado. Pelo contrário. Estava abaixo da tabela SUS”, sustentou. “Diante disso, não há que se dizer que ele tenha superfaturado”, concluiu o advogado.
Segundo Tórtima, o processo contra Gustavo está em fase final de interrogatórios e caminha já para a fase de alegações finais e sentença. “Faltam mais quatro interrogatórios – dois funcionários do hospital e dois prestadores de serviço. Depois disso, já entraremos na fase de alegações”, disse o advogado.
Sylvino de Godoy Neto
Tórtima também representa o presidente do Conselho Editorial do jornal Correio Popular, Sylvino de Godoy Neto. Disse que ele depôs na semana passada e negou que tenha feito qualquer tipo de interferência para empregar o filho no hospital. “Ele nunca teve qualquer relação com representantes da Vitale. Nunca solicitou a colocação do filho”, garantiu o advogado. O empresário foi alvo de mandado de prisão, mas não chegou a ser preso. Ele passou mal; teve de ser levado a um hospital e o Tribunal de Justiça substituiu a prisão por medidas cautelares.