Com o objetivo de permitir a circulação de animais silvestres entre áreas verdes sem riscos de atropelamento e acidentes na pista, a primeira passagem de fauna de Campinas foi erguida na tarde deste sábado (14), na Estrada da Rhodia. A rodovia interliga a cidade ao município de Paulínia, pelos distritos de Barão Geraldo e Betel. Em razão da manobra de içamento, um trecho na região da ponte sobre o Ribeirão Anhumas precisou ser interditado para tráfego de veículos das 13h às 16h.
A estrutura montada corresponde à passarela principal sobre a via. A próxima etapa será a ligação com a copa das árvores e a instalação das câmeras de monitoramento da fauna. Esta fase começa a ocorrer a partir de segunda-feira (16), com previsão de conclusão em um prazo de 21 dias.
Ao todo, serão construídas três passagens de fauna em Campinas. As outras serão erguidas próximas à Fazenda Santa Mônica e ao Parque Ecológico.
As estruturas das outras duas passagens de fauna já começaram a ser instaladas, mas o içamento acontecerá entre o fim de agosto e começo de setembro, na Rodovia José Bonifácio Coutinho Nogueira, estrada que liga os distritos de Sousas e Joaquim Egídio, na APA (Área de Proteção Ambiental) de Campinas.
O resultado final consiste em pontes suspensas que conectam as margens da rodovia e possibilitam o deslocamento de animais de pequeno porte, como arborícolas e escansoriais.
Todas as passagens são iguais, formadas por uma estrutura metálica treliçada, com um vão de 15 metros de largura e 5,5 metros de altura. Em cima deste apoio, um assoalho de madeira garante que o animal não tenha contato com a estrutura metálica, em função da temperatura.
A construção das três passagens de fauna em Campinas faz parte do projeto INTERACT-Bio, implementado pelo ICLEI – Governo Locais pela Sustentabilidade, rede global comprometida com o desenvolvimento urbano sustentável, em parceria com a Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas. A iniciativa também integra o projeto Reconecta RMC, cuja finalidade é fomentar ações para a recuperação e conservação da fauna e da flora de todas as cidades da região.
“Essa articulação regional em prol da recuperação ambiental, da valorização de serviços ecossistêmicos e em defesa da biodiversidade para reconectar áreas verdes da RMC, através de corredores ecológicos, já é referência em todo o mundo e nos traz entusiasmo e esperança em um momento de apreensão”, afirma Rogério Menezes, secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas.
A execução das obras é de responsabilidade do Grupo Eco & Eco. Com atuação há mais de 20 anos no Brasil, a empresa oferece diferentes tipos de passagem de fauna, com uma análise detalhada do local e das espécies que precisam ser atendidas pelo recurso.
Além das pontes suspensas, passagens subterrâneas e ecodutos também são outras possíveis alternativas.
Para Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul, o início das obras é um momento de grande representatividade e consolidação do trabalho desenvolvido pela associação. “A implementação dos projetos demonstrativos representam um avanço no caminho de desenvolvimento urbano sustentável do País, na medida em que impulsionam o fortalecimento institucional das regiões participantes, a implementação de soluções baseadas na natureza, a promoção de serviços ecossistêmicos e o desenvolvimento urbano sustentável que pensa em um futuro melhor para todos”, destaca.
Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), 15 animais são mortos por segundo no Brasil, ou seja, 1,3 milhão por dia ou 475 milhões por ano. Além da preservação à vida silvestre, conservando a biodiversidade e os ecossistemas, as passagens de fauna também garantem a proteção e segurança aos usuários das vias.