A sessão ordinária desta quarta-feira (6) da Câmara de Campinas deve gerar intenso e acalorado debate em torno do projeto que concede título de Cidadão Emérito ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
Nas redes, um abaixo-assinado já reuniu cerca de quatro mil assinaturas para combater a homenagem. Uma caravana organizada pela Associação de Docentes da Universidade Estadual de Campinas (Adunicamp) programa protesto contra a votação.
A possibilidade da presença de um grande público, tanto a favor como contrário à honraria, levou a Câmara a solicitar reforço no efetivo da Guarda Municipal no plenário. A sessão começa às 18 horas.
A proposta de conceder o título é do vereador Major Jaime (PP), que integra a bancada bolsonarista na Câmara. Há uma semana o vereador conclama em suas redes sociais os apoiadores do ex-presidente para uma “massiva presença” na Casa.
Na biografia do homenageado, Major Jaime destaca que Jair Bolsonaro nasceu em Glicério (região de Araçatuba), em 1955, mas foi registrado em Campinas, onde morou os primeiros anos de vida.
Na juventude, Bolsonaro estudou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx).
Dentre a extensa justificativa para concessão do título, o vereador pontua que Bolsonaro “reascendeu na população conservadora o verdadeiro significado do amor à Pátria, a nossa Bandeira e aos nossos valores mais caros”.
Do outro lado
Do lado dos parlamentares da esquerda, a vereadora Mariana Conti (Psol) lançou no último sábado (2) um abaixo-assinado on-line, sob o título “Homenagem não, Bolsonaro na prisão”, no qual angariou cerca de quatro mil assinaturas contrárias à concessão do título até a manhã desta quarta-feira (6).
“A base do prefeito Dário Saadi quer homenagear o genocida e golpista Jair Bolsonaro com um título de cidadão emérito. Campinas não pode aceitar essa ação patética de homenagear esse criminoso. O que Bolsonaro merece é ir para a prisão”, defende Conti.
A vereadora acredita que o ato contra a honraria deva lotar o plenário. “Não serão medidos esforços para barrar essa homenagem a uma pessoa que nada fez por Campinas”.
Desde segunda-feira (4), a Adunicamp organiza uma excursão, cuja saída da sede da entidade está programada para as 16h com destino ao plenário da Câmara, na Avenida da Saudade.
“A entidade disponibilizará ônibus para docentes e pesquisadores (as), com destino à Câmara Municipal de Campinas, para a realização de protesto contra a concessão do título ao ex-presidente”, divulgou.
Discursos inflamados
Na sessão ordinária de segunda-feira (4), alguns parlamentares se revezaram na tribuna para expor suas opiniões sobre o mérito da honraria. Os discursos inflamados deram uma amostra do clima quente que deve permear as discussões desta quarta-feira.
Contrário ao projeto, o primeiro a falar foi o vereador Gustavo Petta (PCdoB). “Não podemos correr o risco dessa casa passar mais uma vez vergonha nacional. Há diversos motivos para a gente não aprovar um absurdo como esse que foi proposto. Em Campinas tivemos mais de 5,5 mil vidas perdidas por Covid. Quantas dessas mortes poderiam ser evitadas se o ex-presidente da República não tivesse negado e retardado a compra de vacinas?”.
Já o vereador Jorge Schneider (PL) disse que partidarizar uma homenagem é “cair numa vala comum”. “Campinas teve duas pessoas que nasceram na cidade e que governaram esse país, Campos Sales e Jair Bolsonaro. Essa Casa não pode ficar votando pelo mérito uma homenagem por causa do seu partido.”
Devolvendo na mesma moeda, Schneider convocou os outros quatro vereadores do PL a votarem contra a concessão de título de cidadão campineiro ao deputado federal do PT, Carlos Alberto Rolim Zarattini. “O PL vai usar da mesma régua então”, intimou o vereador.
A propositura, de autoria do vereador Cecílio Santos (PT), foi retirada da pauta e não tem data para votação.