Era segunda feira-feira de manhã, de roupa social eu ensaiava entrar na agência bancária na qual trabalha para pedir minha demissão, mas um milhão de coisas passava pela minha cabeça. O fato de eu ter sofrido um assalto na noite anterior me impulsionava a agir pró-demissão, mas e o medo do incerto? As inseguranças financeiras? Eu estava indeciso… O fator decisivo para que eu agisse obtive ao entrar em contato comigo, com meus valores, eu ainda nem cursava filosofia, mas já agia como bem queria Sócrates (Conhece-te a ti mesmo). Entrei na agência e pedi minha demissão… Não me arrependo nem um segundo sequer do que fiz. Hoje iremos refletir sobre a Indecisão, peço que não me abandone nessa leitura.
Desconheço tema mais pertinente e atual do que a Indecisão, quem nunca se sentiu indeciso entre duas ou mais possibilidades na vida que atire a primeira pedra. A Indecisão aparece quando você fica em dúvida entre levar o salto preto ou a bolsa marrom, entre fazer aquela viagem ou reformar a casa, entre a faculdade X ou Y, entre se casar ou não, se divorciar ou não, se declarar ou não, entre continuar a existir ou por um fim nisso…
Decisão significa corte, separação, indecisão diz respeito a não saber qual a melhor das possibilidades, qual nos trará maior felicidade ou prazer e qual nos poupará do estresse, dor e sofrimento. Nossas decisões são sempre amparadas por valores (não tem absolutamente nada a ver com preço), valores são como uma bússola nos mostrando qual caminho devemos seguir.
Cada ser humano tem sua hierarquia de valores, uns preferem a família ao invés de uma oportunidade de trabalho solitária fora do país, outros tem o valor da adrenalina que fala mais alto do que o valor da segurança, há ainda quem opte pelo valor do prazer superficial esbanjando recursos financeiros em detrimento ao valor onde se poupa os recursos e se calcula friamente cada gasto… Entre os polos haveria um ponto de equilíbrio?
Segundo o filósofo Aristóteles sim, inclusive é justamente essa a recomendação que ele deixa aos seus leitores: que busquem o caminho do meio, do equilíbrio examinando cada situação, sem generalizações, através do que ele chamava de Virtude cultivada pelos próprios cidadãos.
Mas e a Indecisão? Para dar base a ela recorro ao filósofo francês Sartre, segundo ele cabe a nós a dura tarefa de escolhermos tudo o que diz respeito a nossa vida e ainda ele nos deixa uma preocupação ética para com a sociedade. Sartre nos diz que: “a gênese da angústia são as possibilidades”, ele ainda completa dizendo que: “ viver é isso; um eterno equilibrar-se sobre escolhas e consequências” que, diga-se de passagem, não têm a menor garantia de ser de fato a melhor dentre todas as possibilidades.
Outro pensador francês chamado Lipovetsky tem uma teoria chamada de ‘Crise dos Valores Complexos’, onde cada ser humano tem seus valores que os orienta na hora de agir, a partir disso o problema é: como então entraríamos num consenso de como se deve agir? Como julgaríamos as atitudes dos outros? Com base em quais parâmetros?
Talvez você, caro leitor, possa sentir certa angústia ao ler tais palavras, e tal angústia perdure no momento de uma escolha e de uma indecisão, mas fique tranquilo, pois esse sentimento já foi previsto por grandes filósofos… O que lhes recomendo é justamente o que já disse Nietzsche, filósofo alemão: “demore o tempo que for para decidir, mas quando escolher, não tornes a olhar para trás nem para pegar impulso…”.
Não foque nas milhares de escolhas possíveis que você abriu mão, sobre estas você não tem o menor controle, foque na que por você foi eleita e faça o possível para que ela lhe dê os frutos esperados… Lembre-se disso no próximo momento de indecisão… Como você, a partir dessa leitura, pretende agir?
Um grande abraço.
Thiago Pontes Thiago Pontes é Filósofo, Psicanalista e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial
