Um dos maiores blockbusters da história do cinema, vencedor de cinco estatuetas do Oscar, o filme original de Indiana Jones, “Os Caçadores da Arca Perdida”, completa 40 anos de seu lançamento no Brasil neste sábado (25), em pleno feriado de Natal.
Com orçamento de US$ 18 milhões, a rentável produção arrecadou quase US$ 400 milhões em todo o mundo, tornando-se um dos maiores fenômenos de bilheteria da indústria de Hollywood.
Naquele dia 25 de dezembro de 1981, pouco mais de seis meses após o lançamento oficial nos Estados Unidos, milhares de brasileiros foram aos cinemas para conferir a estreia de um aclamado filme de ação dirigido por Steven Spielberg, com criação e produção de George Lucas. Prometia ser um dos grandes destaques da temporada de verão. Acabou se tornando um marco do cinema de aventura e um clássico da cultura pop.
Em março de 1988, sete anos após estrear nas telonas brasileiras, “Caçadores da Arca Perdida” foi um dos primeiros filmes exibidos na “Tela Quente”, clássica sessão da TV Globo, sucedendo “Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança” e precedendo “Rocky III” e “Alien, o Oitavo Passageiro”.
Confira o trailer do quadragenário filme “Caçadores da Arca Perdida”:
Estrelado pelo ator Harrison Ford, interpretando um arqueólogo contratado pelo Serviço Secreto americano para encontrar uma relíquia bíblica que contém os 10 mandamentos, a fim de evitar que caia nas mãos dos nazistas, “Caçadores da Arca Perdida” também apresentava ao público outros icônicos “protagonistas”: o chicote e o chapéu do herói Indiana Jones, além da trilha sonora marcante de John Williams.
O que os espectadores não sabiam era que o famoso acessório na cabeça de Harrison Ford havia sido produzido no Brasil, mais precisamente em Campinas, na Fábrica Chapéus Cury. Na verdade, a companhia do interior paulista forneceu a carapuça feita com feltro de pêlo de lebre para a fabricante inglesa Herbert Johnson, que finalizou a confecção do adereço.
“Um de meus clientes americanos era patrocinador do filme e me pediu que criasse um chapéu para um herói de aventura. Ele descreveu o personagem, mas não disse que o ator seria o Harrison Ford nem que o filme seria Indiana Jones. Só descobri quando fui ao cinema e vi o meu chapéu na tela”, contou o ex-diretor comercial da Chapéus Cury, Paulo Cury Zakia, em entrevista ao site Indiana Jones Brasil, em 2013.
Nos anos 1980, a Chapéus Cury entregou oito chapéus semi-acabados para a inglesa Herbert Johnson, que alongou o topo e deu forma final ao acessório imortalizado com o personagem Indiana Jones.
Ao longo de quatro décadas, a fábrica campineira produziu e exportou cerca de 500 mil unidades do modelo Indiana Jones, com pico de vendas em épocas de lançamento de novos filmes da saga – ao todo, foram quatro.
Novo filme à vista
Mais de quatro décadas após o lançamento de “Caçadores da Arca Perdida”, a história de Indiana Jones ganhará um novo capítulo em 2023, quando será lançado o quinto filme da franquia, com Harrison Ford de volta ao papel do protagonista, aos 80 anos.
A saga de Indiana Jones é composta por quatro filmes: “Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984), “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989) e “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (2008), todos marcados pela parceria entre Steven Spielberg e Harrison Ford.
À frente dos quatro filmes de Indiana Jones, Steven Spielberg não dirigirá o próximo longa-metragem da saga do maior aventureiro da história do cinema. A missão coube ao diretor James Mangold, indicado ao Oscar de melhor filme por “Ford Vs. Ferrari” (2019) e melhor roteiro adaptado por “Logan” (2017).
Além de Harrison Ford, o elenco do novo filme de Indiana Jones também conta com os atores Phoebe Waller-Bridge, Shaunette Renéé Wilson, Antonio Banderas, Boyd Holbrook, Mads Mikkelsen e Toby Jones.
Chapéus Cury – história centenária
Com pouco mais de 100 anos de existência e origem ligada à imigração libanesa no Brasil, a Chapéus Cury iniciou suas atividades em 1920, quando Miguel Vicente Cury e seu pai, Vicente Cury, fixaram residência em Campinas e fundaram uma pequena fábrica de chapéus na Rua Barão Geraldo de Rezende, número 194, no Centro. Antes disso, eles tinham uma oficina de reforma de chapéus em Mogi Mirim.
A partir do investimento em máquinas e novas tecnologias, a Chapéus Cury alçou-se à condição de maior indústria chapeleira do Brasil, já no início da década de 40. Além de se enraizar na cultura nacional com linhas regionais do sertanejo ao gaúcho, a marca também extrapolou as fronteiras do país e conquistou o mercado internacional.
Miguel Vicente Cury foi prefeito de Campinas em duas ocasiões (1948-1951 e 1960-1963) e dá nome a um importante viaduto na região central da cidade.
Desativada em 2013, quando a Chapéus Cury transferiu suas instalações para um local mais moderno e adequado em Jaguariúna, a área da antiga fábrica foi vendida há pouco tempo para a construtora Helbor, que erguerá duas torres residenciais, além de um pequeno shopping na parte de baixo do prédio, com salas comerciais e cinema.
O projeto, que valorizará o contraste entre o antigo e o novo, está em tramitação na Prefeitura de Campinas. A fachada e a chaminé deverão ser preservadas, pois foram tombadas como patrimônio histórico pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas), em 2008.