“Quando cheguei, em 1999, havia apenas mudas de árvores plantadas na Praça da Paz. Gosto de pensar que cresci junto com elas no campus. O fim do vínculo me deixa também aliviado. Um beijo de gratidão a todos com quem convivi. As árvores ficam”. Foi com este texto, publicado em 1º de abril, que Luiz Sugimoto se despediu do trabalho na assessoria de imprensa da Unicamp. Nesta sexta-feira (13), o jornalista se despediu de todos nós. Próximo à Praça da Paz, no campus da universidade, onde ficam as árvores.
Luiz Carlos Missao Sugimoto sofreu um infarto no final da manhã desta sexta-feira, aos 65 anos de idade. Deixa um casal de filhos e três netos. O velório será realizado neste sábado (14), das 10h às 13h, no Cemitério da Saudade, em Campinas.
Sugimoto passou por vários veículos de imprensa de Campinas e somou amigos em todos eles. Trabalhou nas redações do extinto Diário do Povo, na Tribuna de Campinas, na assessoria da Prefeitura de Campinas, no Correio Popular e na assessoria da Unicamp.
Os depoimentos dos amigos de Sugimoto repetem adjetivos como leal, sincero, humilde, generoso e excelente profissional. “Uma pessoa maravilhosa, um amigo leal, sempre paciente, se relacionava com todos, sem distinção. Gostava de todo mundo”, descreveu Álvaro Kassab, que dividiu as redações do Correio Popular e da Unicamp com Sugimoto durante mais de 20 anos.
Nas redes sociais, colegas de profissão e amigos tentavam descrever as muitas qualidades de Sugimoto e escolher os principais momentos da companhia do amigo para o texto de despedida. “Minha gratidão ao Sugi pelo tempo que tivemos. Ele não viu a morte. Foi ao encontro dela, sem resistência, como todo samurai consciente de sua efêmera existência. Adeus, querido amigo!”, escreveu Isabel Cristina Gardenal.
“Grande cara. Me ajudou muito nos meus tempos de foca, iniciando na cobertura da Prefeitura. Alma boa. Ótimo profissional. Meu abraço fraterno aos amigos e parentes”, postou Dalton Almeida. “Várias memórias vêm à cabeça agora, todas boas. Acho isso um grande mérito das pessoas, deixar só lembranças boas para quem fica”, escreveu Simone Figueiredo.
Em nota, a Unicamp também se pronunciou: “A Reitoria da Unicamp manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do jornalista Luiz Carlos Missao Sugimoto, ocorrido nesta sexta-feira, em Campinas. Sugimoto, que tinha 65 anos, atuou no setor de comunicação da Unicamp de maio de 1999 a abril de 2022, destacando-se por sua capacidade de liderar, pelo texto primoroso e por sua conduta pautada pela ética e pelo respeito às diferenças. A Reitoria lamenta e se solidariza com familiares e amigos.”
O também jornalista Ronaldo Faria fez uma homenagem ao amigo, reproduzida a seguir:
“Conheci o Luiz Sugimoto nos Anos 80, no Diário do Povo. Adepto que ele era, como eu, da arte de bares e bom papo, logo foi fácil me enturmar com o ex-repórter paulistano que havia coberto a Copa do Mundo de 1982 e visto Telê Santana ser aplaudido de pé pela imprensa mundial na coletiva após a desclassificação da seleção.
Voltei a trabalhar com ele na gestão Magalhães/Orsi, quando eu, ele e o Neldo éramos parceiros inseparáveis de noites depois do expediente pelos bares do Centro, onde fui apresentado a coisas novas, como cérebro de boi à milanesa. Excelente cozinheiro, várias foram as vezes que no velho Joga a Chave, onde o Neldo morava, o Luiz preparou regabofes como ninguém.
Depois da Prefeitura voltamos ao mesmo teto profissional na Tribuna de Campinas. Indicado por Zaiman Brito ao Paulinho Pedroso para ser o editor-chefe do jornal e escolher a equipe, não pestanejei para chamá-lo para ser o subeditor. Tinha a certeza de que uma equipe onde o Luiz pudesse estar e colocasse a mão, com a sua genialidade de edição, daria certo. E deu, até quando o mercado deixou.
Após isso, nossos caminhos se separaram e não voltei a tê-lo como companheiro num mesmo espaço físico da imprensa. Mas voltei a vê-lo algumas vezes em um bar ou outro.
Enfim, hoje fiquei sabendo que ele se foi. De forma rápida, instantânea. Um cara de grandes histórias, bom papo, bom copo, caráter e de um profissionalismo acima da média e inquestionável. Na verdade, um dos jornalistas mais completos que já conheci nessas mais de quatro décadas de bater teclinhas.
Grande Japonês, que sua próxima missão seja tranquila. E sei que terá, junto ao Neldo, um companheiro incrível para rever histórias e causos. Tomem muitas e conversem todas as horas que a eternidade nos dá. Um dia eu completo o trio. Abraço.”