Transformar a dor em escrita na busca de leveza. É com esse pensamento que a pedagoga Keyla Ferrari passou a se dedicar nos últimos dias ao que ela chama de “escrita terapêutica”. O conteúdo fará parte do blog “Lua em Primavera”, resultado de reflexões que, não raramente, surgem à noite, quando o medo da morte assombra.
Doutora pela Unicamp, escritora e fundadora da premiada Cia de Dança Humanizar de Campinas, Keyla volta a enfrentar a batalha contra o câncer de mama. Após uma luta de dois anos e a cura alcançada em 2018, ela descobriu uma recidiva da doença em julho. Desde então iniciou uma “corrida contra o tempo”, diz.
“Estou com uma recidiva do câncer no mesmo local”, detalha. Ela conta que a cirurgia para a retirada do tumor já estava marcada, mas precisou ser adiada. “Seria na terça-feira (22), às pressas, mas os médicos disseram que eu não resistiria por conta de uma metástase no pulmão.”
A necessidade, agora, é investir em um tratamento sistêmico à base de Ribociclibe, remédio cuja caixa para consumo em um mês custa R$ 20 mil. “Por hora, o tratamento pode ser de três meses a um ano. Depois, ficarei tomando Letrozol por cinco anos”. A pedagoga diz que, segundo os médicos, as chances de cura com o tratamento são de 100%, mas ela acredita que ainda precisará realizar a cirurgia. “O foco do tumor precisa ser eliminado uma vez que já me submeti à radio e quimioterapia em 2017.”
Confessando-se arrasada, Keyla conta com o amparo e carinho da família, amigos e alunos para superar o drama. Uma ‘vakinha’ virtual foi organizada para contribuir com o tratamento. Uma parte do que já foi arrecadado ela usará para comprar a primeira caixa de Ribociclibe. Com relação aos custos da cirurgia, ela diz que já tinha 70% do total. O valor é de R$ 42 mil.
Apesar da luta, Keyla, de 48 anos, diz que “não parou com a vida”. Dedicada de corpo e alma à arte do ensino e atuante no desenvolvimento de Pessoas com Deficiência (PcDs) por meio da dança, ela confessa que precisou diminuir o ritmo por conta da rotina de exames, mas tem buscado fazer o que gosta. “Tem dias melhores e outros piores, mas as noites têm sido difíceis, pois bate aquele medo da morte.”
A professora conta que a ideia do blog partiu de uma amiga. “Tenho buscado dar voz de forma poética a mulheres que passam pelo mesmo problema”, diz. “É uma forma de expressão, assim como a dança, distrai um pouco.” Ela conta que nos últimos dias não escreveu por falta de tempo e disposição, depois de se submeter a 4 exames de imagem com contraste. “Mas nesta noite, vou continuar.”
O blog pode ser conferido neste link: https://professorakeylaferari.blogspot.com/
A vakinha virtual pode ser acessada neste link:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/cirurgia-da-nossa-querida-professora-keyla?fbclid=IwAR0jAK0RNfDwI89x5l3NYM03rq5RDwoh4T3pUX3ousR0ugQHmnPyccw-GKw
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