Uma panfletagem realizada na tarde desta segunda-feira (10) marcou o início da Semana de Combate ao Feminicídio em Campinas. A lei 15.848 de dezembro 2019, que a estabeleceu, foi criada em homenagem à Thaís Fernanda Ribeiro, de 21 anos, morta pelo ex-namorado no dia 10 de maio daquele ano. O aniversário dela tinha sido dois dias antes.
Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que 179 mulheres morreram no Estado vítimas de feminicídio no ano passado e mais de 55 mil mulheres sofreram agressões. Em âmbito nacional os números são igualmente chocantes. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio e se comparado às nações desenvolvidas, o País mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido e 24 vezes mais que a Dinamarca. Como se sabe pelas estatísticas, em 90% dos casos o agressor foi o companheiro ou ex das vítimas. Em quase 70% dos casos, as mulheres eram negras.
O ato de hoje em Campinas aconteceu na Avenida Comendador Aladino Selmi, na região do Jardim São Marcos, que recebeu simbolicamente o nome de Espaço Renascer Thaís Vive. “Esse ano pensamos em fazer algo para marcar a existência dessa lei e lembrar que é muito importante combater o feminicídio”, disse o padre Antonio Alves, pároco da igreja no São Marcos que Thaís frequentava e amigo da família dela.
O padre é um dos que encampam uma campanha contra a violência que atinge vulneráveis, em especial, as mulheres. Os primeiros atos em Campinas deveriam ter ocorrido no ano passado, mas por conta da pandemia do novo coronavírus, que ainda era uma novidade, os eventos foram adiados.
“Colocamos um banner com informações sobre a lei, fotos, plantamos flores e plantas para lembrar não só a Thaís, mas todas as vítimas de feminicídio. Também distribuímos panfletos no semáforo com informações sobre o tema”, disse o padre. “Essa lei é para dar respaldo contra atos de violência que sempre acontecem contra as mulheres. A semana é de combate, de luta, de resgate de vidas”, afirmou Delfino José Ribeiro, pai de Thaís, presente na manifestação.
O evento foi organizado pelo padre Antonio Rodrigues Alves e pelos pais da jovem Thaís. A secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, Vandecleya Moro, também participou do ato. “A Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas vem trabalhando no sentido de amparar essas mulheres vítimas de violência e conscientizar a sociedade para o problema”, ressaltou a secretária.
O vereador Rubens do Nascimento, o Rubens Gás (DEM), é da região do São Marcos e conhece a família de Thaís há muito tempo. “Houve familiaridade com o caso. Eu conheci a Thaís, conheço o pai dela e a família há muito tempo. A semana vem no momento propício para que em todos os lugares se possa discutir a violência de gênero”, disse.
Denúncia e acolhimento
O Ceamo é o serviço que atende a mulher vítima de violência em Campinas. Conta com uma equipe de profissionais para acolher, atender e prestar apoio jurídico, social e psicológico à mulher em situação de violência doméstica, realizando atendimento individual, familiar ou em grupo. O serviço, da secretaria municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas funciona na Rua Francisco Glicério, nº 1269 – Vila Lídia e dispõe de um telefone 0800 para atender o público: 0800-777-1050. Atende também pelo telefone 3236-3619. O e-mail é [email protected].
Segundo informações da Prefeitura, durante a Semana de Combate ao Feminicídio a Secretaria de Assistência Social deve anunciar uma parceria para promover mais segurança à mulher vítima de violência.
Relembre o caso
Thaís Fernanda Ribeiro, de 21 anos, foi morta a tiros pelo ex-namorado, em um imóvel na Rua Elza Monnerat, na região do CDHU San Martin, em Campinas, no dia 10 de maio de 2019. De acordo com a Polícia Civil, o autor, de 23 anos, fugiu depois do crime, mas foi preso horas depois ao se apresentar em uma base da Polícia Militar (PM) em Santo André. A jovem foi morta com 11 tiros pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento.
Além dos números do Ceamo, denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas também na Delegacia da Mulher em Campinas pelo telefone 3242-5003 e na Central de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180.