Mais de 45 mil espécies de animais e vegetais estão em risco de extinção atualmente. O número corresponde a um aumento de 1.000 espécies em comparação com 2023, anunciou nesta quinta-feira (27) a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
A boa notícia é a conservação do lince ibérico.
A UICN divulgou uma atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, que inclui agora, no total, dados de 163.040 categorias de animais e vegetais, mais 6.000 do que no ano passado.
Os catos Copiapoa, do deserto de Atacama, no Chile, o elefante de Bornéu, no Brunei, e o lagarto gigante da Gran Canária, em Espanha, estão entre as espécies mais ameaçadas, segundo a UICN.
A organização internacional de conservação atribui a culpa às pressões das alterações climáticas, às espécies invasoras e à atividade humana, como tendências nas redes sociais.
Por exemplo, os catos Copiapoa são cobiçados como plantas decorativas, impulsionando um comércio ilegal que tem crescido nas redes sociais, onde entusiastas e comerciantes exibem e vendem as plantas.
A atualização da Lista Vermelha aponta que 82% das espécies desses catos estão agora em risco de extinção, um aumento de 27 pontos percentuais em relação ao registrado em 2023.
De acordo com a organização, os contrabandistas e os caçadores furtivos ganharam maior acessibilidade ao habitat das plantas devido à expansão de estradas e à construção de habitações na zona do Atacama.
O relatório publicado nesta quinta também destaca o elefante asiático de Bornéu como uma espécie em extinção, estimando-se que apenas cerca de 1.000 destes animais permaneçam na natureza.
A população diminuiu nos últimos 75 anos principalmente devido à desmatamento extensiva, destruindo grande parte do habitat dos elefantes.
Conflitos com humanos, perda de habitat devido à agricultura e plantações de madeira, mineração e desenvolvimento de infraestruturas, caça furtiva, exposição a agroquímicos e acidentes rodoviários também ameaçam a espécie, sustenta a UICN.
A lista ainda revelou o declínio dos répteis endémicos das Ilhas Canárias e em Ibiza devido às cobras invasoras.
No entanto, a UICN lembra os esforços de conservação que permitiram recuperar o lince ibérico depois de estar perto da extinção.
O número de linces ibéricos adultos multiplicou-se por dez neste século e o animal deixou de estar classificado como “em risco” passando à condição de espécie “vulnerável” na Lista Vermelha.
“Os esforços de conservação permitiram recuperar esta espécie depois de estar perto da extinção, com um aumento exponencial da sua população que passou de 62 espécimes adultos em 2001 para 648 em 2022”, precisou a UICN.
Segundo a organização, a população total do lince ibérico (Lynx pardinus), incluindo jovens e adultos, é estimada em mais de 2.000 exemplares.
Desde 2010, mais de 400 linces ibéricos foram reintroduzidos em partes de Portugal e Espanha e o animal ocupa agora pelo menos 3.320 quilómetros quadrados, contra 449 quilómetros quadrados em 2005. De acordo com o Censo 2023 do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), existem em Portugal 191 exemplares de lince ibérico. (Agência Lusa)