Mantida em plataforma de madeira, longe das águas da lagoa para evitar deterioração, a réplica da caravela de Cabral instalada no Parque do Taquaral, em Campinas, voltou a apresentar problemas.
Furos podem ser vistos em diversos pontos do casco. Grandes fissuras e avarias aparecem embaixo e nas paredes laterais da embarcação.
Considerada uma das principais atrações da Lagoa do Taquaral – nos finais de semana chega a receber a visita de até 50 mil pessoas – a caravela foi completamente restaurada em 2014, depois de 12 anos anos desativada. Só que voltou a apresentar problemas tempos depois e em 2018 foi submetida a uma nova reforma.
Neste feriado da Proclamação da República, comemorado na segunda-feira (15), a caravela esteve fechada ao público, mas segundo a Prefeitura, porque passou por um processo de pintura interna e não por conta dos problemas de manutenção.
Por meio de nota, a Administração diz que a caravela “está permanentemente em processo de manutenção”. Diz ainda que esses remendos “são consertos na madeira, uma vez que ela fica exposta ao tempo”.
De acordo com a Administração, a atração fica aberta à visitação pública apenas às sextas, sábados e domingos. Garante que será reaberta na próxima sexta-feira (19).
Problemas crônicos
A caravela da Lagoa do Taquaral foi construída no próprio parque e inaugurada em 1972. A embarcação é réplica da nau Anunciação que trouxe Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras em 1500. Para garantir fidelidade às características originais da embarcação, o Museu da Marinha Nacional, no Rio de Janeiro, enviou, à época, documentos e plantas da caravela original. A nau campineira tem 28,30m de extensão e 38m de altura. Sua largura máxima é de 8,5m.
Pesa entre e 80 e 100 toneladas e possui cinco andares.
Os problemas de manutenção da estrutura, no entanto, parecem estar se tornando recorrentes na história recente – a última delas aconteceu em 2018, quando também passou a apresentar buracos no casco e nas laterais. À época, houve troca de tábuas; recebeu uma nova pintura e foi liberada à visitação.
História
A réplica chegou a afundar em 2008, justamente por conta de uma série de fissuras no casco. Precisou ser içada para que pudesse ser reformada. O restauro, no entanto, só foi concluído em 2014. A Prefeitura garantiu à época que haviam sido utilizados materiais específicos e mão de obra artesanal. Foram substituídos todos os arranjos estruturais como piso do convés, revestimentos, do casco.
Também foram aplicados produtos para preservar a madeira, pintura, reconstrução de todo o sistema de mastreação como mastros, velas.
Para a confecção das velas foi preciso aproximadamente 400m de tecido, 1,3 mil metros de corda e 400m de cabo de aço, além de mais de 160 peças como roldana, sapatilha e moitão que compõem a engrenagem para instalação e movimentação das velas.
Segundo o poder público, o trabalho de restauro foi feito de forma artesanal, com a utilização de madeiras nobres como garapeira, ipê e cumaru, por carpinteiros da Prefeitura que montaram a nau, peça a peça, sob a coordenação de engenheiros e arquitetos.