Pessoas atrás de objetos, como mochilas, guarda-chuvas, porta óculos, embalagens de hidratantes, chaves, entre outros. Assim é a composição de várias filas nos terminais de ônibus de Campinas. Isso acontece porque muitos usuários guardam suas vagas, e até de outras pessoas, enquanto se acomodam em um banco ou realizam outras tarefas no terminal. Trata-se de uma realidade que faz parte do dia a dia de muitas plataformas do transporte público. A indignação também é rotineira.
Uma usuária, que preferiu não se identificar, passou a utilizar a plataforma B do Terminal Central em março para se deslocar até o local de trabalho, que fica no Swiss Park. Nos primeiros dias, estranhou os objetos na fila enquanto esperava a chegada da linha 430. Depois, compreendeu a situação e ficou indignada.
Reportagem do Hora Campinas acompanhou, verificou e constatou essa rotina de desrespeito nos terminaus urbanos.
“É assim sucessivamente nos horários das 6h, 6h15 e 6h30. As pessoas deixam os objetos no chão e vão se sentar no banco ou tomar café nas lanchonetes do terminal”, afirma. Ela comenta que o caso já gerou discussões. “Um dia, o ônibus chegou atrasado e muitas pessoas que saíam pela porta com pressa tropeçavam nos objetos. Alertei que alguém iria se machucar com aquilo e as mulheres me olharam bravas dizendo que sempre foi assim”, conta.
Para a usuária, a situação chega a ser “hilária”.
“Um dia um homem me perguntou onde era o fim da fila e eu disse para ele: ‘Está vendo aquele hidratante? É atrás dele que o senhor tem que ficar’. O homem foi, sem entender muito bem”.
O problema se repete no Terminal Ouro Verde, segundo Sueli Oliveira, que usa a linha 134 para se deslocar duas vezes por semana ao bairro Castelo, onde trabalha.
“Como os ônibus costumam demorar cerca de 40 minutos, as pessoas deixam mochilas e sombrinhas na fila e vão se sentar no banco.”
Usuária há 20 anos do terminal, Sueli conta que a marcação de lugar na fila é comum no local. Segundo ela, antigamente as discussões eram frequentes, mas hoje, aparentemente, as pessoas se acostumaram.
“O que causa indignação é que às vezes aparece o dono da mochila na fila e vários colegas junto. Aí o pessoal fica bravo.”
Sueli afirma que não há fiscalização. Já a usuária do terminal central diz que fiscais da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) observam e não fazem nada. Procurada, a Emdec respondeu, por meio de uma nota, que só intervém quando é acionada por algum usuário.
Confira a íntegra da resposta da Emdec:
“Os agentes da mobilidade urbana que atuam na fiscalização dos terminais agem para orientar os usuários e fiscalizar a operação das linhas de ônibus (cumprimento de horários e viagens programadas, conduta dos motoristas, etc). No caso das situações que envolvem a organização de filas, os agentes somente intervêm quando acionados pelos usuários e seu papel é limitado à orientação.
É essencial que os usuários do transporte público adotem comportamentos que prezem pelo senso coletivo. A prática relatada contraria os princípios da ordem e da coletividade.”