Integrante do lendário esquadrão pontepretano campeão da Divisão de Acesso em 1969, o ex-jogador campineiro Luizinho morreu na madrugada da última segunda-feira (7), aos 73 anos, em Franca, no interior de São Paulo, onde morava e trabalhava como comerciante de café, sendo conhecido como Luizinho Café. Ele vinha enfrentando problemas de saúde há algum tempo.
Durante os tempos de atleta, Luizinho atuava como lateral-esquerdo, assim como Santos, que faleceu no fim do ano passado e era seu concorrente de posição naquele histórico time da Macaca de 69.
No dia 29 de junho de 1969, Luizinho protagonizou um dos mais belos gols de sua carreira e garantiu à Ponte Preta a vitória por 1 a 0 sobre o Saad, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, pelo primeiro jogo da campanha do título da Divisão de Acesso.
Nascido no dia 27 de março de 1951, em Campinas, Washington Luiz Bueno de Camargo, o Luizinho, ficou órfão muito cedo e iniciou sua trajetória no futebol no Liceu Campinense. Aos 16 anos, ingressou no time da Ponte Preta, onde se tornou jogador profissional e conquistou o título que garantiu à equipe alvinegra o retorno à elite do futebol paulista, em 1969.
Em 1970, com Luizinho no elenco, a Macaca surpreendeu, foi vice-campeã paulista e faturou troféus simbólicos, como a Taça dos Invictos, entregue pelo jornal A Gazeta Esportiva à equipe que completasse primeiro 10 jogos do campeonato sem nenhuma derrota (foram 12, no total), e a Taça “As Folhas”, oferecida pela Gazeta ao “campeão do interior”, ou seja, o melhor colocado do certame, excetuando a equipes da capital paulista.
Com o vice-campeonato paulista de 1970, a Ponte Preta se tornou a primeira equipe do interior paulista a disputar o Campeonato Brasileiro, à época chamado Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Luizinho deixou a Ponte em 1971, quando se transferiu para o Paulista de Jundiaí.
Ao longo de sua carreira, Luizinho também defendeu outros clubes importantes do futebol brasileiro, principalmente do Nordeste, como Sport Recife e Fortaleza, além de CSA e Ferroviário-CE. Fora do Brasil, passou por alguns clubes do futebol português. Ele pendurou as chuteiras em 1981, defendendo o Ginásio Pinhalense, de Espírito Santos do Pinhal.
Ponte campeã em 1969
Há exatos 55 anos, a Ponte Preta conquistou o título da Divisão de Acesso de 1969, equivalente à atual Série A2 do Campeonato Paulista, troféu que a Macaca voltou a erguer em 2023, carimbando a vaga na elite estadual.
No entanto, ao contrário do ano passado, quando levantou a taça dentro do estádio Moisés Lucarelli, após vitória nos pênaltis sobre o Novorizontino, o título de 1969 veio com derrota por 3 a 1 para a Francana, diante de cerca de 10 mil pessoas no estádio Parque Antárctica, em São Paulo, sede do quadrangular final do torneio, que também contava com Noroeste e Linense.
Com um elenco formado por 25 atletas, sendo 22 deles revelados no Majestoso, incluindo o lateral-esquerdo Luizinho, a jovem equipe comandada pelo lendário técnico campineiro Zé Duarte disputou 15 jogos durante a competição, com 13 vitórias, um empate e apenas uma derrota, sofrida justamente no jogo do título, o último da campanha. Mesmo assim, o troféu veio graças ao saldo de gols superior ao da Francana.
Conhecido como o “Expresso da Vitória”, com média de 22 anos de idade e índice superior a dois gols por partida, aquele time histórico da Ponte Preta contava com crias da base que viriam a se tornar lendas do clube alvinegro, como o goleiro Wilson Quiqueto e o meia Dicá.
Debaixo da meta, a Ponte tinha Wilson Quiqueto, o 9º goleiro que mais atuou com a camisa da Ponte Preta, com 159 jogos. No meio-campo, a equipe contava com o craque Dicá, que marcou seis gols naquele torneio – ele viria a se tornar o maior artilheiro e também o recordista de partidas do clube alvinegro, com 155 gols em 581 jogos.
Completavam o time titular Nelsinho Baptista, Samuel, Araújo, Teodoro, Roberto Pinto, Alan (artilheiro, com 10 gols), Manfrini e Adílson. O elenco ainda incluía Pivetti, Joãozinho, Luizinho, Joãozinho, Djair, Maurício, Zezinho, Geraldo Spana, Dagoberto e Sérgio Moraes.
Na época, a diretoria da Ponte Preta era encabeçada pelo presidente Sérgio José Abdalla e o departamento de futebol chefiado pelo histórico dirigente Peri Chaib. O acesso em 1969 foi a porta de entrada para uma década que seria de afirmação, tanto no cenário estadual quanto nacional. Logo no ano seguinte, em 1970, a Macaca seria vice-campeã paulista, sob o comando de outro lendário técnico campineiro: Cilinho. A Macaca repetiu a dose e também bateu na trave em 1977, 1979 e 1981. Um período de ouro!