Desde a última segunda-feira (31), apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contrários à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência se reúnem em frente à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEX), em Campinas. Neste sábado (5), novamente atendendo à convocação feita pelas redes sociais, os manifestantes interditaram a Avenida Papa Pio XII, no Jardim Chapadão, onde fica a EsPCEX. O ato é eclético: um grupo de motociclistas organizou uma motociata; outro se concentrou na Praça Tiro de Guerra para orar, enquanto grande parte se encontrou próximo ao portão da escola.
A continuidade dos atos despertou a atenção de comerciantes informais. Barracas de pastel, água, pipoca, cerveja e de itens alusivos ao Brasil foram armadas logo cedo na avenida. O comércio de alimentação do bairro também sentiu a alta da procura. Panificadoras e lojas de conveniência próximas ficam lotados.
A primeira movimentação do dia foi a motociata, que partiu da Avenida Papa Pio XII em direção ao Balão do Castelo por volta das 11h30. Desceu a Andrade Neves, passando pela Delfino Cintra, Francisco Glicério, Irmã Serafina, Anchieta, Orosimbo Maia, Norte-Sul, Taquaral, Barão de Itapura, Imperatriz Leopoldina e Avenida Theodureto, até retornar novamente à EsPCEX. Antes de saírem, os motociclistas foram orientados a realizar um movimento pacífico, a ignorar provocações e a respeitar os limites de velocidade e semáforos, uma vez que a motociata não contou com esquema especial de controle de tráfego pela Emdec.
Convocação para este domingo
Pelas redes sociais, além da reunião deste sábado, novo ato está sendo organizado para este domingo (6), dando continuidade à semana de mobilizações. Durante os outros dias desta semana, um pequeno grupo permaneceu em frente aos portões da Escola de Cadetes. No final da tarde, a concentração ganhava mais adesão.
Estoque de comida
Na última quarta-feira (2), a manifestação reuniu milhares de apoiadores e agravou os transtornos aos moradores da região que se iniciaram na última segunda-feira. O barulho persistente das buzinas, os carros com som alto e os caminhões de som mudaram o panorama de tranquilidade do bairro. Ao saber das novas manifestações, e baseados nas experiências da última quarta-feira, os residentes próximos ao ato estocaram comida e se prepararam para passar o final de semana sem sair de casa.
Um morador idoso e sua esposa, que preferem não se identificar, comentaram sobre a impossibilidade de sair de casa na quarta-feira. “Não podíamos sair porque estava tudo parado e os entregadores de comida também não vinham para cá porque não tinha como chegar. Passamos a pão”, relembra. Outro morador conta que teve dificuldade para voltar para casa à noite. “Os manifestantes bloquearam o balão que dá acesso à avenida Papa Pio XII. Só conseguimos entrar em casa porque colamos num carro de polícia que abriu caminho”.