Em audiência de mediação entre representantes da Mercedes-Benz do Brasil, de uma comissão de trabalhadores da fábrica da empresa na cidade e do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, o Ministério Público do Trabalho (MPT) propôs adiar para março de 2024 as demissões de operários previstas para ocorrer em dezembro deste ano na unidade que a empresa mantém na cidade. Conforme os representantes da Mercedes presentes no encontro, o processo é “irreversível”.
A Mercedes-Benz é uma das mais importantes empresas do polo automobilístico regional. Ela está instalada no Distrito Industrial de Campinas.
O conflito foi iniciado a partir da notícia do fechamento da fábrica da Mercedes em Campinas, com a demissão de 140 trabalhadores do setor de logística em dezembro de 2023, e outros 165 trabalhadores em dezembro de 2024, totalizando 305 dispensas. O encontro no MPT aconteceu no edifício-sede do órgão ministerial na última sexta-feira (7).
Na audiência, os representantes da Mercedes afirmaram que a decisão pelo encerramento das atividades é irreversível, uma vez que ela foi precedida de um estudo global para reestruturação da atividade produtiva. Apenas as fábricas de São Bernardo do Campo e Juiz de Fora continuarão ativas, segundo eles.
O MPT e o sindicato apresentaram à empresa a proposta de alargar o prazo para a dispensa dos trabalhadores do setor de logística para, pelo menos, março de 2024. Os representantes da Mercedes se comprometeram a levar a proposta para a diretoria e retomar a discussão.
Dissídio de greve
A procuradora Carolina Marzola Hirata e o procurador-chefe do MPT Campinas, Dimas Moreira da Silva, que presidiram a audiência, ao tomarem conhecimento do ajuizamento de ação de dissídio coletivo de greve pela Mercedes-Benz junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, decidiram suspender a mediação e aguardar o posicionamento do sindicato com relação à demanda judicial.
“Ficou deliberado que, na próxima sessão de mediação, que ainda será agendada, o sindicato apresentará a relação dos trabalhadores que entende reabilitados, compatíveis, reintegrados, portadores de doença profissional ou acidentados, que será entregue à empresa para análise individual de cada caso”, informa o MPT.
Conforme o órgão, a empresa, além de se posicionar sobre a proposta apresentada, se comprometeu a trazer o cronograma inicial de encerramento das atividades da fábrica em Campinas.
Entre as mudanças anunciadas pela Mercedes para a unidade de Campinas estão a terceirização do trabalho da Central de distribuição de peças de reposição, serviço previsto para ser realizado por uma empresa de Itupeva; a transferência das funções administrativas e de pós-venda para a unidade de São Bernardo do Campo; e a terceirização da linha de remanufatura de peças.