Uma comerciante e uma funcionária foram detidas na tarde desta terça-feira (12), em Campinas, após a Guarda Municipal (GM) identificar a comercialização de linhas de cerol na loja onde as duas atuam. O uso do cerol é proibido em todo o estado. Segundo a corporação, foram localizados 12 carreteis pequenos e dois grandes, na loja que fica na Vila Vitória. A proprietária da loja e a funcionária foram conduzidas ao 1º Distrito Policial.
A apreensão ocorre na esteira de um grave acidente que causou a morte de um motociclista, no último domingo (10). Um homem de 50 anos morreu ao ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol.
O acidente ocorreu na Avenida John Boyd Dunlop, a mais extensa da cidade, na região do Shopping Unimart. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar (PM) foram acionados, mas o motociclista morreu ainda no local. Em um poste havia uma pipa presa em meios aos fios. Nenhum responsável foi identificado até o momento.
Desde 2020, na gestão de Jonas Donizette (PSB), a cidade tem o programa Disque Campinas Sem Cerol, com a finalidade de estimular a utilização do Disque Denúncia, pelo número telefônico 153, da Guarda Municipal, para denunciar a comercialização e o uso de qualquer material cortante em linhas ou fios usados para empinar pipas, em conformidade com o disposto na Lei nº 13.466, de 12 de novembro de 2008. A denúncia pode ser feita de forma anônima.
Essa lei que criou o programa incentiva ainda a Secretaria Municipal de Segurança Pública a efetuar campanha de esclarecimento à população, a fim de informá-la da importância do serviço de denúncia, ressaltando a preservação da identidade do denunciante.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e concessionárias de rodovias, como a CCR AutoBAn, também têm programas e campanhas de alerta e conscientização sobre o tema.
Proibição no estado
O uso do cerol em linhas de pipas, a conhecida mistura entre cola e vidro, passou a ser proibida no Estado pelo Projeto de Lei 765/2016, aprovado pelos deputados da Alesp e sancionado pelo governador do Estado.
De autoria do deputado Coronel Telhada (PP), a proposta proíbe o cerol como também qualquer outro material cortante que possa ser aplicado nas linhas. A proibição abrange o uso, a posse, a fabricação e a comercialização da mistura cortante, também conhecido como linha chilena.
Caso a lei seja descumprida, a pessoa responsabilizada deverá pagar multa.
Há vários casos de mortes decorrentes do uso do cerol. Em Indaiatuba, um jovem de 22 anos morreu em 2019. Parte dos casos ocorre em rodovia e avenidas expressas. Vários motociclistas utilizam em seu veículo uma estrutura que barra a ação da linha em caso de acidente.