Estive pensando nessa pauta essa semana, pessoas isoladas em meio a uma sociedade civil, globalizada, imersa em mídias digitais, como pode? Por que estão sozinhas? Qual o motivo da solidão em pleno século XXI? É sobre isso que irei refletir aqui e ficarei muito contente em não ficar sozinho, estando acompanhado da sua ilustre companhia, minha querida leitora, meu caro leitor. Vamos lá.
Pois muito bem, a era na qual vivemos é uma era globalizada, uma era digital, uma era na qual é possível haver comunicação entre pessoas de diferentes países, porém que por vezes não se comunicam dentro das suas próprias casas entre seus familiares, é triste, porém real, além do mais, uma vez que você não está inserido em alguma rede social, postando algo é como se você estivesse excluído da sociedade…
Estamos dia após dia, paulatinamente, sendo condicionados a usar a internet e ponto final, no fundo, lá no fundo não há escapatória, a Inteligência Artificial ganhará seu espaço doa a quem doer, e uma vez que não nos damos conta disso, somos manipuláveis socialmente pelo Sistema no qual estamos inseridos.
Um Sistema que não permite fracassos, não permite lágrimas, não permite cansaço, um Sistema que exige alta performance, sorrisos, músculos, luxo, tudo isso em cima do palco no teatro da vida, menosprezando o que se passa nos bastidores de tal teatro existencial.
Nesse teatro muitas vezes temos que adotar um papel de ser político, como defendia o grande filósofo grego Aristóteles V séculos a. C, um ser que convive, conviver é viver com, mas esse papel por vezes é algo raso, ou se preferir, o papel de um “personagem líquido” como diria o sociólogo polonês Bauman, com diferentes posturas e personalidades como defendia Jung em sua Psicologia Analítica e seus arquétipos.
Mediante esse cenário, há um ou outro com demasiado senso crítico que, passa a sentir-se desconfortável com tal realidade editada, realidade encenada e opta por não mais encenar, opta por não mais atuar, opta por ter uma identidade autêntica, sem se preocupar com a opinião de terceiros e preferindo a própria companhia ao invés de preferir estar rodeado de pessoas vazias, buscando, por meio delas, preencher o próprio vazio.
Após essa reflexão inicial, conseguimos entender um pouco melhor o que está nas entrelinhas do título dessa nossa análise filosófica/ psicanalítica que é justamente a solidão como efeito, como escolha do convívio social.
Ao olhar para tais fatos sem o menor senso crítico, tal como o senso comum o faz, é possível interpretar que pessoas foram excluídas sem a própria vontade (o que é sim passível de realidade), porém há casos em que a pessoa em primeiro lugar decide se recolher, decide fazer o básico socialmente, sem grandes extravagâncias, sem bagunça, sem desejo por bajulação e, sendo assim, escolhe a solidão como efeito de uma causa: a própria sociedade com seus deveres de convívio e suas “leis de marketing pessoal”.
Admito que nos últimos anos tenho optado a cada dia que passa a me recolher, e adianto de antemão que amar a si, amar a própria companhia não tem preço, ouso dizer que você não espere por alguém para preencher seu vazio existencial, não espere por sua “metade da laranja”, mas é apenas minha humilda sugestão…
Ah, é maravilhoso chegar um final de semana e não precisar sair para fazer “uma presença social”, para fazer o marketing pessoal, para postar a foto de que se está feliz sem passar por problemas…
A pergunta que nos fica é: nasceria a solidão do convívio social? Pois é, cada um tem seu ponto de vista, e um ponto de vista nada mais é do que a vista de um ponto. Interpretar causa e efeito é fazer isso com base novamente do pensador grego Aristóteles; seria a solidão um efeito da sociedade do século XXI? O que você acha? Em sua opinião, uma pessoa que opta por ficar em sua casa, quieta, sozinha e não deseja pegar gelo, carnes, cervejas para ir a alguma chácara comemorar algum aniversário, essa pessoa está depressiva? Ou ao invés de depressiva estaria ela mais lúcida a ponto de não mais necessitar participar desse teatro da vida?
Uma pessoa com senso-crítico aguçado percebe que ocupa o papel de um personagem nesse teatro da vida e se incomoda com tal condição, é a postura de alguém que sai da caixa, que sai da bolha, que desperta e não mais consegue voltar ao que era, não mais consegue se encaixar. Agora, eis a questão, isso é saudável ou perigoso mentalmente falando? É saudável preferir a solidão ou é saudável ser mais um no meio da massa?
Há autores chamados Mestres da Suspeita como Nietzsche, Freud, Schopenhauer que defendem o seguinte bordão: “A ignorância é uma benção!”, ou seja, pensar demais, conhecer demais não é nada saudável, é preferível viver uma vida medíocre, adotando a postura, a personagem de vitima do Sistema, esperar pelo final de semana para se divertir, esperar as férias, espera aposentar e morrer sem enxergar o que há nas entrelinhas…
O que você acha acerca dessa reflexão? O que você prefere? Nietzsche, grande nome da filosofia alemã expressou no século XX o seguinte: “Não me roube a solidão sem antes me oferecer a verdadeira paz!”. Você corrobora com tal pensamento? Prefere sua própria companhia sem atuar nesse teatro existencial ou prefere seguir o “bando” sendo um mero figurante nesse espetáculo “belíssimo” da vida editada?
Thiago Pontes é Filósofo e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial