Não faltam histórias curiosas e interessantes por trás do duelo entre Ponte Preta e Novorizontino, que acontece neste próximo sábado (15), às 17h, no estádio Moisés Lucarelli, pela 10ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
O jogo terá caráter histórico porque colocará pai e filho frente a frente à beira do campo: os treinadores campineiros Nelsinho Baptista, de 73 anos, do lado da Macaca, e Eduardo Baptista, de 52, pelo Tigre.
Além de compartilharem mesmo sangue e profissão, o técnico campineiro Nelsinho Baptista e seu filho Eduardo Baptista, também nascido em Campinas, dirigiram quatro clubes em comum ao longo de suas respectivas carreiras: Ponte Preta, Novorizontino, Sport Recife e Athletico-PR.
Esse será o primeiro embate entre os dois profissionais de diferentes gerações da mesma família, o primeiro com quatro décadas de experiência na função de treinador, além de mais uma como jogador, e o segundo com 10 anos de carreira como técnico, depois de outros dez trabalhando como preparador físico, com o pai no comando.
Tal pai, tal filho
Em 1990, sob o comando do técnico Nelsinho Baptista, o Novorizontino foi vice-campeão paulista, ficando à frente do Palmeiras na fase final classificatória, mas perdendo a famosa “final caipira” para o Bragantino, à época dirigido por um técnico até então pouco conhecido chamado Vanderlei Luxemburgo. O resto é história!
O então Grêmio Esportivo Novorizontino fechou as portas em 1999 e foi refundado em 2010, apenas como Grêmio Novorizontino, chegando à Série A1 do Campeonato Paulista em 2016 e à Série B do Campeonato Brasileiro em 2022, após dois acessos consecutivos desde a Série D.
No fim de 1995, o empresário Marco Abi Chedid, então dirigente do Novorizontino, chegou a apresentar uma proposta de união com a Ponte Preta, mas a sugestão foi prontamente recusada pelo clube campineiro. Na época, recém-rebaixada à Série A2, a Macaca passava por crise financeira e perdeu a chance de comprar o clube de Novo Horizonte, também em situação econômica crítica, e herdar sua vaga na primeira divisão estadual.
Em 2022, o Novorizontino foi rebaixado no Paulistão junto com a Ponte Preta, mas Eduardo Baptista reconduziu o clube do noroeste paulista à primeira divisão estadual como vice-campeão da Série A2, perdendo justamente para a Macaca na decisão, e quase conseguiu o acesso à elite nacional de forma inédita no ano passado, terminando na quinta colocação da Série B, com 63 pontos, um a menos que o Atlético-GO, que subiu em quarto lugar.
Agora, em 2024, Eduardo Baptista levou a modesta equipe de Novo Horizonte à semifinal do Campeonato Paulista, eliminando o São Paulo em pleno Morumbi nas quartas, e quase repetiu o feito que seu pai alcançou na década de 90, mas não foi páreo para o Palmeiras, que avançou à final e se sagrou tricampeão paulista.
Além de responsáveis pelos maiores feitos do Novorizontino em duas fases diferentes de sua existência, o técnico Nelsinho Baptista e seu filho, Eduardo Baptista, também foram os comandantes das melhores campanhas de Ponte Preta e Sport neste século, pelas duas principais competições do futebol brasileiro (Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil).
Em 2001, Nelsinho Baptista deixou a Ponte Preta entre os quatro melhores times da Copa do Brasil, mas acabou demitido às vésperas das semifinais contra o Corinthians, por ter revelado um acerto com o São Paulo. Sob o comando de Marco Aurélio, a Macaca parou no Timão, que acabou como vice-campeão, perdendo a decisão para o Grêmio.
Em 2008, Nelsinho Baptista completaria o serviço inacabado, porém no comando do Sport Recife, que se sagrou campeão da Copa do Brasil derrotando o Corinthians, ex-time do treinador, na grande decisão. Curiosamente, Nelsinho havia sido responsável pelo primeiro título brasileiro do Timão, em 1990, logo após deixar o comando do Novorizontino, onde havia sido vice-campeão paulista naquela temporada.
Em 2015, Eduardo Baptista também escreveu seu nome na história do Sport, ao dirigir a equipe em 26 rodadas da melhor campanha do clube pernambucano na história do Campeonato Brasileiro por pontos corridos – 6ª colocação, com 59 pontos. Aquela passagem de sucesso pelo Leão já havia resultado em um título pernambucano e outro da Copa do Nordeste, em 2014. Nelsinho também conquistou dois títulos regionais pelo Sport – ele foi foi bicampeão pernambucano, em 2008 e 2009.
Já em 2016, Eduardo Baptista liderou a Ponte numa histórica campanha no Campeonato Brasileiro. A Macaca terminou na oitava colocação daquele Brasileirão, com 53 pontos, seu melhor desempenho na história dos pontos corridos e que, hoje em dia, poderia até valer classificação para a Libertadores.
O grande trabalho de Eduardo Baptista à frente da Macaca, dirigindo a equipe do começo ao fim da campanha do Brasileirão de 2015, chamou a atenção do Palmeiras, que o contratou para a temporada de 2017, mas a experiência no time da capital durou pouco tempo.
Tanto Nelsinho quanto Eduardo Baptista tiveram outras passagens pelo Moisés Lucarelli ao longo de suas respectivas carreiras. Nelsinho foi jogador da Ponte Preta entre o fim dos anos 60 e início dos 70, tendo integrado o time que ficou conhecido como “Expresso da Vitória”, campeão da Divisão de Acesso de 1969, sob o comando do lendário técnico campineiro Zé Duarte.
Por uma coincidência do destino, a Macaca voltou a erguer taça equivalente à Divisão de Acesso no ano passado, quando se sagrou campeão da Série A2, em cima do Novorizontino de Eduardo Baptista.
Com 118 jogos, Nelsinho Baptista é o 10º treinador com mais partidas pela Ponte Preta em toda a história de 123 anos do clube alvinegro. Eduardo Baptista aparece em 16º no ranking, com 71 partidas
Antes da passagem de sucesso pelo Majestoso entre 2000 e 2001, Nelsinho Baptista também havia comandado a Ponte Preta em 1987, em sua primeira experiência como treinador do clube que o revelou, e voltou a dirigir o time alvinegro pela terceira vez em 2007, mas sem tanto brilho em ambas as ocasiões.
Eduardo Baptista, por sua vez, treinou duas vezes a Macaca. Além da primeira experiência bem-sucedida em 2016, ele retornou ao Majestoso para uma passagem sem o mesmo sucesso entre 2017 e 2018.