A polêmica envolvendo as quedas das árvores de Campinas foi reforçada e ganhou novos contornos. Durante a sessão da Câmara Municipal de Campinas, realizada na segunda-feira (3), o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema) apresentou laudos com causas diferentes das apresentadas pela Prefeitura para as quedas da figueira branca no Bosque dos Jequitibás e do eucalipto na Lagoa do Taquaral que provocaram a morte de duas pessoas recentemente.
De acordo com o Comdema, a figueira branca caiu porque parte de suas raízes foi cortada para a construção de calçada e instalação de alambrado. O laudo diverge do apresentado pela Prefeitura, que aponta condições climáticas e encharcamento do solo para a queda da árvore, que atingiu um carro e matou o motorista Guilherme da Silva de Oliveira, de 36 anos, no final do ano passado.
“Foi feito um estudo de carga pela equipe da Unicamp”, afirma o engenheiro florestal e agrônomo José Hamilton de Aguirre Júnior. “Verificou-se ausência de raízes de um lado da árvore”, completou. Segundo o vereador Paulo Gaspar (Novo), presidente da Comissão de Estudos de Arborização da Câmara Municipal, a raiz da figueira havia sido suprimida há muito tempo. “Era uma questão de tempo para ela cair.”
Vídeos registram estudo realizado por técnicos do Comdema em árvore do Bosque dos Jequitibás
Já a queda do eucalipto que matou a menina Isabela Tiburcio Firmino em 24 de janeiro na Lagoa do Taquaral foi provocada por falhas na estrutura da raiz em função da perda de copa, de acordo com o Comdema, que destaca ainda falhas no monitoramento no conjunto dos eucaliptos na área do Taquaral. O laudo da Prefeitura, por sua vez, indica baixa drenagem do solo, além de eventos climáticos, como excesso de chuvas e ventos, como causas da queda.
O Comdema trabalha em conjunto com a Comissão de Arborização, que foi instalada na Câmara para fiscalizar a ação da Prefeitura. Os laudos são assinados por biólogos e engenheiros agrônomos e florestais.
Um estudo técnico no Bosque dos Jequitibás (veja os vídeos) deve ser concluído em duas semanas pelo conselho, que contraria a Secretaria Municipal de Serviços Públicos sobre a necessidade de extração de 108 árvores no local.
A Prefeitura alega que não recebeu os laudos do Comdema sobre as quedas da figueira branca do Bosque e do eucalipto no Taquaral.
Integrantes do conselho afirmam que os documentos estão em posse da Secretaria de Serviços Públicos após uma reunião realizada nesta segunda-feira.
A secretaria também defende o resultado dos laudos que apresentou, assinados pelo Instituto Biológico, Instituto Agrônomo de Campinas, além de órgãos do Estado.