Domingo, 26 de setembro de 1993. Há exatamente 30 anos, o basquete feminino da Ponte Preta alcançava o mais alto pedestal a nível mundial graças ao talento fora de série de duas gigantes do esporte brasileiro: Magic Paula e Rainha Hortência.
Naquela temporada, a única em que armadora e ala atuaram juntas num clube, a icônica dupla da Seleção Brasileira liderou uma equipe inesquecível da Macaca, comandada pela treinadora Maria Helena Cardoso, que também contava com outras grandes jogadoras como a pivô argentina Karina e a russa Elena, além das irmãs Helen e Silvia Luz.
“A Ponte Preta/Nossa Caixa é campeã mundial. O sonho tornou-se realidade ontem, no Ginásio Paschoal Thomeu, em Guarulhos, onde a Ponte conquistou o título do 3º Campeonato Mundial Interclubes de Basquete Feminino. Na partida decisiva, as campineiras derrotaram o Primizie, da Itália, por 102 a 86 (57 a 42 no 1º tempo) para atingir um feito inédito. A festa em Campinas acontece hoje, com uma carreata e festa no Majestoso”, destacou o jornal Diário do Povo, em sua edição de segunda-feira, 27 de setembro de 1993.
“O jogo foi tenso e equilibrado, mas no final valeu a garra e o talento de Karina, Hortência e Paula. Karina abriu e fechou o placar, demonstrando a tradicional garra. Ela foi a principal jogadora ao lado de Elena. As duas pivôs dominaram o rebote e foram responsáveis por 49 pontos. Karina foi a cestinha da Ponte Preta, com 34 pontos”, relatou o jornal campineiro Diário do Povo. Hortência marcou 16 pontos e Paula, 11.
Considerada a maior jogadora da história do basquete argentino, Karina também havia sido a cestinha do jogo de estreia da Ponte Preta, marcando 25 pontos na vitória por 118 a 68 sobre o Chine United Team, da gigante pivô chinesa Zheng Haixia, de 2,04m. Hortência e Paula anotaram 18 e 14 pontos, respectivamente, nessa partida. Em 1994, com a extraordinária dupla, a Seleção Brasileira se sagraria campeã mundial justamente sobre a China de Zheng Haixia, em torneio disputado na Austrália.
Já no segundo duelo da Ponte Preta, justamente contra as italianas do Primizie, numa prévia da decisão, Hortência terminou como a principal pontuadora da partida, anotando 32 pontos no triunfo por 92 a 86. Karina fez 19 e Paula, 9. A norte-americana Venus Lacey, futura campeã olímpica com os Estados Unidos em 1996, anotou 29 pontos para a equipe de Parma, que também contava com a sua compatriota Cynthia Cooper, medalha de ouro nas Olimpíadas de 1988.
Maior nome do basquete feminino brasileiro, eleita a melhor jogadora de todos os tempos da Copa do Mundo da FIBA, Hortência também foi o grande destaque do terceiro jogo da Ponte Preta, que teve o placar mais apertado de todos, decidido nos segundos finais, diante da Bex Argentaria, da Argentina.
Na ocasião, a ala converteu uma cesta faltando três segundos para garantir a vitória pontepretana por 69 a 67 e acabar novamente como cestinha da equipe, com 21 pontos, ao lado de Elena. Paula fez 11 e foi a terceira melhor do time em termos de pontuação.
Ao todo, a campanha da Ponte Preta consistiu em seis jogos com 100% de aproveitamento no Campeonato Mundial Interclubes de Basquete Feminino de 1993, incluindo uma vitória incrível de virada sobre Piracicaba por 109 a 106, tirando 19 pontos de diferença no segundo tempo. Todos os duelos foram disputados no Ginásio Paschoal Thomeu, em Guarulhos, entre os dias 20 e 26 de setembro. A maioria das partidas teve transmissão da TV Bandeirantes e da TV Manchete.
Com um desempenho perfeito que resultou na conquista do inédito título mundial em 1993, a Ponte Preta fechou aquela temporada com incríveis 66 vitórias em 71 partidas, conquistando todos os cinco troféus possíveis.
Em 1992, logo no primeiro ano da parceria com o banco Nossa Caixa, já com a presença de Paula, mas ainda sem Hortência, a Ponte Preta havia chegado a seis finais, com quatro títulos e dois vices.
Em 1994, mesmo com a saída de Paula, que retornou a Piracicaba para defender o Cesp/Unimep, a Ponte Preta se manteve forte e se sagrou bicampeã mundial, derrotando justamente a equipe piracicabana por 98 a 95 na grande decisão, num clássico regional que teve Hortência levando a melhor sobre a ex-companheira de time e colega de Seleção Brasileira.