O Batalhão de Ações Especiais (Baep) da Polícia Militar (PM) fez uma incursão na manhã desta quarta-feira (17) nas dependências do prédio da Câmara Municipal, na Avenida da Saudade, e também no Teatro Bento Quirino, no Centro, espaço que tem abrigado as sessões ordinárias e extraordinárias em razão de reformas no edifício principal. A operação surpreendeu os vereadores e a direção do Legislativo. A ação é de busca e apreensão.
A varredura é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o apoio do Comando de Policiamento do Interior 2 e do Baep. Trata-se da Operação Lambuja, cujo objetivo é dar cumprimento a cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Campinas e Jundiaí.
Segundo nota da MP, a investigação realizada pelo Gaeco apura “esquema de corrupção envolvendo o atual presidente da Câmara Municipal de Campinas, Zé Carlos, e um advogado por ele comissionado no referido órgão”.
A investigação apura cobrança de vantagens indevidas para manutenção ou prorrogação dos contratos de execução de serviços terceirizados junto ao Poder Legislativo.
Na manhã desta quarta-feira, foram cumpridos mandados na residência do vereador Zé Carlos, na casa do advogado por ele contratado (o MP não divulgou o nome do profissional), no seu escritório de advocacia na cidade de Campinas, na Câmara Municipal e no Teatro Bento Quirino, onde atualmente funcionam o gabinete do presidente e outros setores da Casa. O Hora Campinas procurou Zé Carlos para que ele se manifestasse, mas não conseguiu localizá-lo.
Houve a apreensão de diversos documentos, computadores, pen drives e aparelhos de telefone celular. Participaram da operação cinco promotores de justiça, sete servidores do MP-SP e 43 policiais militares.
A investigação para identificar outros eventuais casos de corrupção, bem como lavagem e ocultação de bens, prossegue. A operação recebeu a denominação de Lambuja em alusão à cobrança ilegal feita pelos investigados para que empresários lhes concedessem vantagens pessoais, condição exigida para que os contratos firmados com a Câmara Municipal fossem mantidos ou prorrogados, segundo nota do MP.
Câmara se pronuncia
A assessoria da Casa divulgou a seguinte nota: “A Câmara Municipal foi informada nesta manhã, antes da abertura do Legislativo, sobre a presença de integrantes do BAEP para realização de uma ação nas dependências da Casa e do Teatro Bento Quirino. A CMC ainda não tem informações sobre a razão das diligências, mas está colaborando com os trabalhos e se pronunciará assim que tiver mais dados a respeito. A princípio, em virtude da ação, a agenda da Casa está suspensa nesta manhã”.
A Câmara de Campinas também tem sido alvo de diligências pelo menos por duas razões: as denúncias que envolvem alguns vereadores sobre a suposta prática de rachadinha, investigação a cargo do Ministério Público, e os relatos de ameaças feitas a parlamentares por pessoas anônimas que circulam nas dependências do prédio, casos que já chegaram ao conhecimento da Polícia Civil.
A agenda da Casa para esta quarta-feira (17) previa atividades pela manhã e à tarde, ambas no Teatro Provisório do Bento Quirino. Das 10 às 12h, estava marcada reunião da Serviços Técnicos Gerais (Setec) com instituições sociais da cidade. E das 16 às 17h, ocorreria a 4ª Reunião Extraordinária da Comissão Permanente de Finanças e Orçamento.