A vacinação de pacientes oncológicos na faixa etária dos 50 a 59 anos tem início na próxima sexta-feira (21). Também na próxima sexta (21) será aberto o agendamento para pessoas com comorbidades a partir dos 45 anos. Há limitações sobre os tipos de doenças e condições que habilitam as pessoas com câncer a receber a imunização contra a Covid-19. E grandes expectativas, conforme aponta Higor Kassouf Mantovani, especialista em oncologia clínica pela Unicamp e oncologista do Hospital da Mulher (Caism/Unicamp) e do Grupo SOnHe.
De acordo com a lista de comorbidades contempladas nesta fase de vacinação, afirma o médico, é possível elencar dois grupos de pacientes com câncer considerados imunossuprimidos que serão vacinados conforme a disponibilidade das vacinas.
“Pacientes oncológicos, com os chamados cânceres sólidos, como câncer de mama, pulmão, intestino, entre outros, que fazem ou fizeram quimioterapia ou radioterapia dentro dos últimos seis meses, e também pacientes em tratamento com quimioterapia endovenosa, imunoterapia e alguns tratamentos orais que cursam com imunossupressão podem se vacinar”, especifica.
No outro grupo incluído no grupo prioritário de comorbidades, explica, estão pacientes com neoplasia hematológicas, os chamados linfomas, leucemias e mieloma múltiplo, que frequentemente estão em algum tipo de tratamento sistêmico.
“A vacina continua sendo a única forma de vencer esta pandemia”, afirma o oncologista Higor Kassouf Mantovani.
Ainda que o paciente oncológico se encaixe em algum desses perfis, é imprescindível consultar o médico antes de tomar a vacina, reforça Mantovani. “Assim como qualquer outro procedimento alheio ao tratamento onco-hematológico, a intensão, a convocação e o ato da vacinação devem ser comunicados ao médico oncologista/hematologista que acompanha aquele paciente”, salienta.
A importância da orientação é justificada pela necessidade de analisar a indicação e a segurança da vacinação para cada indivíduo, e documentar em num laudo médico para indicar, ou eventualmente contraindicar, a vacina. “Esse processo de laudos já é uma realidade na rotina dos médicos que lidam com câncer, e já temos visto um aumento no número de solicitações de relatórios para autorização de vacinas”, confirma o especialista.
Todas as pessoas incluídas no grupo de comorbidades precisam apresentar, no ato da vacinação, um laudo médico para comprovar a doença.
As três vacinas contra a Covid-19 atualmente aplicadas no Brasil (Coronavac com vírus inativado; Astra Zeneca, com vetor viral, e Pfizer, com m-RNA) são seguras em pacientes saudáveis, conforme mostraram os testes clínicos. Apesar de não terem sido testadas especificamente em pacientes oncológicos, o benefício esperado na redução de mortalidade pelas vacinas é maior que os malefícios de possíveis reações adversas, indica o oncologista.
“Vale lembrar ainda que os pacientes com câncer (em especial aqueles em tratamento) têm um maior risco de complicações pela Covid-19 caso venham a contraí-la, motivo este que justifica a indicação de vacinação deste subgrupo de pacientes”, ratifica Mantovani.
A expectativa, diz, é que em breve todos os pacientes com diagnóstico de câncer sejam contemplados com a vacinação, independentemente de estarem ou não em tratamento. “A vacina continua sendo a única forma de vencer esta pandemia. Mesmo após a vacinação, devemos manter as recomendações de isolamento social, uso de máscara e de higienização das mãos com álcool em gel. Até que as doses dos imunizantes cheguem para toda a população, ainda estaremos em constante batalha contra o Covid-19”, reforça.