A pandemia evidencia as dificuldades dos doentes da Covid-19 em busca de vagas de internação nos hospitais e também encobre a situação igualmente crítica dos pacientes de outras doenças. Nesta quarta-feira (30), no SUS municipal de Campinas, 11 pessoas aguardavam por leitos de UTI Covid, enquanto outras 35 estavam à espera de vagas de não-Covid no Hospital Mário Gatti.
A matemática da saúde sobrecarregada há 15 meses pela disseminação do novo coronavírus é uma conta que não fecha e que, segundo especialistas, continuará a crescer mesmo após a regressão da pandemia. O medo de contágio e a dificuldade de atendimento contribuíram para retardar tratamentos de outras doenças que poderiam ter menor gravidade caso fossem detectadas no início. São os casos, por exemplo, dos doentes de câncer.
Nesta quarta-feira (30), 14 leitos de UTI do Hospital Mário Gatti que atendiam pacientes com Covid-19 horam direcionados a pessoas com outras doenças. As novas vagas foram imediatamente preenchidas e reduziram a fila de espera desses pacientes a 35 pessoas. Ao mesmo tempo, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid em Campinas se mantém acima dos 90%, com apenas duas vagas disponíveis na rede pública – uma na municipal e outra na estadual.
O remanejamento, informou a Prefeitura, tem como objetivo reduzir a pressão por internação em leito de terapia intensiva para atendimento de pacientes com acidentes vasculares, cerebrais, de trânsito, entre outros.
A Prefeitura de Campinas afirma que, mesmo com a mudança, o atendimento de pacientes com Covid não será comprometido. Informa que a reversão desses leitos foi possível com a abertura, no início do mês, de 15 leitos de UTI-Covid no Hospital Mário Gatti-Amoreiras (antigo Hospital Metropolitano).
O SUS Campinas está com o dobro de leitos para doentes graves de Covid do que possuía em janeiro – eram 74 e, agora,149. Desse total, 30 estão no Hospital Mário Gatti, 55 no Ouro Verde,15 no Metropolitano e os demais na rede conveniada.
Segundo o presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni, a reversão dos leitos ocorre em um momento em que está havendo grande pressão por UTI não Covid, ao mesmo tempo em que os atendimentos nos gripários, embora ainda altos, estão menos pressionados – uma redução de 25% em relação aos meses anteriores.
São casos menos graves de Covid no total de atendimentos e com menor encaminhamento para UTIs. Ainda assim, há espera de pacientes Covid para internação em UTI.
Em live do prefeito Dário Saadi na segunda-feira (28), o presidente da Rede Mário Gatti informou que o motivo principal é que pacientes com menos de 60 anos estão permanecendo mais tempo em UTI, dificultando, assim, a liberação de leitos para atender a fila de espera. Essa população permanecia em média entre 14 e 15 dias internada, e agora o tempo está em 19 dias.