Com a chegada da Páscoa, o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato faz um alerta às famílias, especialmente às mães de crianças e adolescentes: o consumo excessivo de chocolate nesta época pode trazer impactos à saúde infantil. Embora a celebração seja repleta de momentos afetivos e simbólicos, o exagero nos doces, segundo o especialista, é um importante fator que vem aumentando os casos de obesidade entre os pequenos, um problema que segue crescendo em escala global.
“É uma data muito esperada pelas crianças, mas precisamos lembrar que o chocolate, especialmente o branco, é altamente calórico e rico em açúcar e gordura. O excesso pode causar não só ganho de peso, mas também favorecer o surgimento de doenças metabólicas, como hipertensão e diabetes tipo 2”, explica o médico, que acompanha pacientes do nascimento até o fim da adolescência.
Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a preocupação. Em apenas uma década, o número de crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos com obesidade aumentou dez vezes no mundo. No Brasil, as projeções apontam que, até 2035, metade das crianças e adolescentes pode estar acima do peso ideal.
“A obesidade infantil é um fator de risco para a vida adulta. Cerca de 50% dos adolescentes com obesidade permanecerão obesos quando adultos, o que aumenta a chance de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis”, destaca o médico.
Para ajudar as famílias a manterem o equilíbrio durante o feriado, Miguel sugere que os pais repensem a forma de presentear. “O tamanho do ovo não mede o carinho que temos pela criança. Um presente menor, mas com o tipo de chocolate que ela gosta ou um personagem especial, pode ser tão significativo quanto os maiores”, diz o especialista.

O médico também orienta que o consumo diário seja moderado: cerca de 20 gramas de chocolate ao dia, preferencialmente sem recheio, pode ser uma quantidade segura. Outra recomendação importante é conversar previamente com familiares, como avós e tios, para evitar que a criança receba uma grande quantidade de ovos. “É comum que a criança ganhe muitos presentes, mas esse excesso pode ser evitado com diálogo. Assim, conseguimos reduzir a oferta exagerada do alimento em casa”, pontua.
Caso a criança receba muitos ovos, o especialista incentiva que os pais proponham o compartilhamento ou o congelamento dos doces, para que sejam consumidos aos poucos.
Além disso, ele recomenda que o chocolate seja oferecido após as refeições principais ou nos lanches, e não durante o uso de telas. “Comer enquanto assiste TV ou mexe no celular pode fazer com que a criança perca a noção da quantidade consumida e acabe exagerando sem perceber”, avalia Miguel, que também chama a atenção para a escolha do tipo de chocolate.
“Os com maior teor de cacau, como os amargos ou com 70% de cacau, possuem menos açúcar e gordura, sendo opções melhores para quem deseja equilibrar sabor e saúde”, aconselha. Ele reforça que o objetivo não é transformar a Páscoa em um momento de restrição, mas sim de consciência. “É possível celebrar com alegria, criar memórias afetivas e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde das crianças. A moderação é o melhor caminho”, finaliza.











