Não é a primeira vez que Carlos Gomes cruza o caminho da produtora cultural Luiza Pasim. A primeira “conversa” com o maestro, aliás, anda mal resolvida. “Começamos, mas tivemos que parar por causa da pandemia”, conta, referindo-se ao filme sobre o ilustre campineiro cuja produção estava em curso. Na noite da última quinta-feira (22), no entanto, o “reencontro” aconteceu e foi marcado por celebração.
Em evento na Câmara Municipal de Campinas, Luiza recebeu a Medalha “Carlos Gomes”, um prêmio entregue a diversas personalidades ligadas à arte e à cultura desde sua criação, em 1974. “Sou a primeira mulher na área da produção a receber esta homenagem maravilhosa, a Medalha do Maestro Carlos Gomes”, celebra Luiza, diretora de produção da Tao Produções Artísticas e que neste 2023 comemora 20 anos de atuação no cenário cultural campineiro.
Mas apesar de feliz com o tema que envolveu seu “reencontro” com o famoso compositor, Luiza admite que a “conversa” iniciada ainda antes da pandemia precisa ser retomada.
“Nossa intenção, é voltar a captar recursos para recomeçar as filmagens. Mas não há previsão para a sequência da produção. Queremos voltar aos trabalhos em 2024, mas vai depender dos recursos disponíveis.”
O longa-metragem sobre a vida e obra de Carlos Gomes, com produção de Luiza Pasim, começou a ser idealizado por um grupo de produtores e diretores em 2016, quando aconteceram as comemorações de 180 anos do nascimento do autor de “O Guarani”.
Nomes como Laura Cardoso e Lima Duarte estavam no elenco. Ambos, aliás, são parte de uma lista de grandes artistas com os quais Luiza já teve a oportunidade de trabalhar. José de Abreu, Ney Latorraca, Gracindo Junior, Regina Duarte e Arlete Salles também estão presentes nas produções da “amiga” de Carlos Gomes.
“Lembro de quando comecei, há 20 anos. Queria ser atriz. Mas me colocaram na produção e me envolvi com o trabalho, que se tornou minha paixão”, conta Luiza.
Talvez um dos motivos pelos quais o longa sobre o ilustre maestro ainda esteja inacabado é o perfeccionismo da produtora. “Sou uma profissional que gosta de ver tudo funcionando e pronto, não admito falhas”, diz. “Me cobro muito.”
A determinação no trabalho, aliás, já a colocou em situações curiosas. “Já tive que ir atrás de uma cabra e um bode para serem estrelas de um filme”, conta. “E quando achamos, foi difícil lidar com o dono dos animais, pois havia hora determinada para a gravação e ele não entendia.”
Essa experiência desagradável e ao mesmo tempo hilária, no entanto, rendeu bons frutos. O longa “O Crime da Cabra” de 2015 foi aprovado pelo público.
Em “O Crime da Cabra”, uma cidadezinha do interior tem sua rotina interrompida por um crime inesperado: o dinheiro da venda de uma cabra foi roubado. Após investigações, descobre-se que a cabra, na verdade, comeu o dinheiro da sua venda.
O que vem depois da revelação é uma litigiosa e hilária discussão para saber, de fato, quem saiu lesado na história: o homem que pagou e não ficou com a cabra, ou o que era o dono e não recebeu pela venda. Outro longa produzido por Luiza e que ganhou homenagens foi “Topografia de um Desnudo”, de 2006.
Atualmente, Luiza está envolvida com a produção do Ecocine – Festival Internacional de Cinema Ambiental e Direitos Humanos -, que acontecerá em outubro. E entre os diversos trabalhos produzidos para o evento deste ano, estão filmagens captadas por alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Professor João Lourenço Rodrigues, no Cambuí. Os professores responsáveis pela orientação são Heldis Silveira Santos e Ana Cristina de Oliveira.
“Estamos agora fazendo com duas alunas da escola o PodCast, falando sobre os rios das cidades”, conta Luiza.
Em Campinas, os filmes do Ecocine serão exibidos durante todo mês de outubro em escolas, universidades e espaços ainda a serem definidos. As produções também podem ser conferidas no taoplay.com.br.
Sobre o futuro, Luiza Pasim, de 57 anos, projeta apenas produzir mais filmes e, como não poderia deixar de ser, retomar aquele papo inacabado com o grande maestro.