A Polícia Federal de Campinas e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram na manhã desta quinta-feira (14) uma operação para desarticular uma associação criminosa voltada ao roubo de cargas e caminhões e sequestros de caminhoneiros em municípios dos estados de São Paulo e Minas Gerais.
A chamada Operação Aboiz, que tem o apoio da Polícia Militar, mobiliza 200 agentes, entre policiais militares e federais, para cumprir 15 mandados de prisão temporária (reclusão de 30 dias, prorrogáveis por mais 30) e 25 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 2ª Vara da Justiça Estadual em Valinhos.
Os mandados, que tem por alvos 11 homens e quatro mulheres, estão sendo cumpridos nas cidades de Osasco e São Paulo, Capital.
Início da operação
A investigação, conduzida pelo grupo especializado em repressão a crimes de roubo de cargas e caminhões da Delegacia da Polícia Federal em Campinas, começou em outubro de 2023. Informações sobre um grupo criminoso que agiria em Valinhos foram levantadas a partir de uma ocorrência registrada no dia 22 de setembro de 2023, quando aconteceu um roubo de carga na cidade.
Apurações apontaram que uma quadrilha agia com violência contra vítimas de outras cidades e estados, atraídas por serviços de fretes oferecidos via aplicativo de celular.
Como era a ação dos criminosos
O grupo usava mulheres que se passavam por funcionárias de empresas interessadas na contratação de fretes. O ponto de encontro era marcado pelo aplicativo. Ao chegarem no local, os caminhoneiros eram roubados e conduzidos até um cativeiro localizado dentro de uma comunidade em Osasco, SP, ou um matagal próximo ao local do roubo. Às vezes amarradas e sempre ameaçadas de morte, as vítimas chegavam a permanecer por 20 horas no cativeiro.
Além de darem destinação a veículos e cargas usando bloqueadores de sinal para evitar a ação policial, os criminosos realizavam saques e transferências via pix. Eles ainda enviavam vídeos das vítimas a seus familiares exigindo o pagamento de altos valores para as libertarem.
Outros crimes
Além do crime em Valinhos, que deu início às investigações, há indícios de ligação da quadrilha às seguintes ocorrências, todas neste ano:
– 24/10: roubo de um caminhão em Itapecerica da Serra-SP;
– 31/10: roubo de um caminhão em Itapecerica da Serra-SP;
– 3/11: roubo de um caminhão em São Paulo, Capital;
– 6/11: roubo de um caminhão em Osasco, com extorsão mediante sequestro já comprovada;
– 11/11: roubo de um caminhão em São Gonçalo do Sapucaí-MG;
– 16/11: roubo de um caminhão em Osasco;
– 17/11: roubo de um caminhão em Osasco;
– 20/11: roubo de um caminhão em Osasco;
– 27/11: roubo de um caminhão em Osasco;
– 7/12: roubo de um caminhão em Jundiaí.
Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa, roubo, furto e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão.
Os presos serão encaminhados para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, onde permanecerão à disposição da Justiça.
Histórico
“A Operação Aboiz – cujo nome significa armadilha, em referência à forma de atuação da associação criminosa – é resultado do investimento da Polícia Federal em especialização de um grupo que trabalha em conjunto com outras forças da Segurança Pública visando a desarticulação desse tipo de crime nas rodovias brasileiras”, informa a PF.
Segundo o comando, o início dos trabalhos investigativos aconteceu em dezembro de 2021 e as ações já resultaram em 145 prisões, sem contar as dessa quinta-feira, na recuperação de veículos roubados no valor aproximado de R$ 7,5 milhões e na desarticulação de várias organizações criminosas por meio das Operações Rapina (em 2022), Insídia, Malta, Caterva, Malta II, Volvere e Cicônia (2023).