O coletivo Mulheres Pela Justiça, formado por voluntárias que atuam principalmente na área do Direito no apoio a mulheres vítimas de violência, realizará uma ação para doação de absorventes, em conjunto com a Ambev, neste sábado (23). Antes, nesta sexta-feira (22), a Câmara de Campinas organiza um debate, às 15h, aberto ao público, sobre a pobreza menstrual. Segundo pesquisa feita por uma marca de absorventes, com mais de 9 mil brasileiras, 19% das mulheres entre 18 e 25 anos não tem acesso aos produtos por falta de dinheiro.
Durante a atividade deste sábado, serão distribuídos absorventes às mulheres moradoras do bairro Jardim Rosália 4, em Campinas, doados por meio de campanha realizada pela Ambev junto a seus funcionários.
O veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que determinava a distribuição gratuita de absorventes pelo Estado colocou em evidência um problema antigo – que apenas não era publicamente discutido.
No Brasil, mais da metade da população é de mulheres e parte delas, as que vivem em situação de vulnerabilidade, muitas vezes tem que recorrer a qualquer outro material para substituir o absorvente. Há relatos do uso de sacolas plásticas, pedaços de papelão e até miolo de pão para conter o sangramento. É um risco à saúde, que pode causar infecções e outros problemas graves.
Segundo o relatório Livre para Menstruar, a questão também permeia o ambiente no qual a mulher está inserida. No Brasil, 20% das adolescentes não possuem água tratada em casa e 200 mil estudam em escolas com banheiros sem condições de uso, o que torna ainda mais difícil o manejo da higiene menstrual.
Essas e outras questões levaram a Comissão Permanente da Mulher da Câmara Municipal de Campinas a se reunir nesta sexta (22), às 15h, presencialmente, para discutir os impactos da pobreza menstrual na vida das mulheres.
Mensalmente meninas se ausentam da escola, mulheres em situação de rua e encarceradas improvisam absorventes com os mais diversos materiais e diversas mulheres em situação de pobreza deixam de comprar alimentos para adquirir absorventes.
“Além de se tratar de uma questão de saúde pública, trata-se de um direito básico para que as mulheres possam acessar outros direitos. Não são poucos os relatos de abandono escolar, agravamento da insegurança alimentar, dificuldade de acesso ao trabalho e diversas outras situações que poderiam ser evitadas com uma política pública simples: a distribuição de absorventes para ela”, argumenta a vereadora Mariana Conti.
Participarão do debate o Coletivo Juntas; as Promotoras Legais Populares, um Coletivo de referência na organização de iniciativas voltadas a mulheres periféricas e em situação de violência e com trabalho com as mulheres encarceradas na penitenciária de Campinas; e o Projeto Mulheres Invisíveis, iniciativa que aborda a questão da pobreza menstrual a partir da perspectiva das mulheres em situação de rua.
Paulínia
O prefeito de Paulínia, Du Cazelato (PSDB), encaminhou para a Câmara um projeto que prevê a implantação de programa de cuidados, envolvendo estudantes das escolas da rede municipal de ensino, que disponibiliza uma cesta com itens de higiene com absorvente descartável, externo e interno, para oferecimento às alunas no espaço escolar, sempre que se fizer necessário.
A cesta poderá conter, ainda, itens como lenço umedecido, desodorante sem perfume, escova de dente, creme dental, fio dental e sabonete. O projeto deverá ser votado em regime de urgência na Casa.
Doações
Desde o início de 2021, o Mulheres Pela Justiça tem feito campanhas para arrecadar itens de higiene, principalmente absorventes, para mulheres que não têm condições de comprar o produto.
O Coletivo recebe doações de absorventes e kits de higienes para serem distribuídos na cidade de Campinas e região. Quem desejar realizar alguma doação basta entrar em contato com o Mulheres pela Justiça, pelas redes sociais, ou pelos telefones (19) 99736-8531 e (19) 98293 9396.