Em 140 anos, celebrados no último sábado, o prédio da Casa de Saúde de Campinas, que hoje abriga o hospital Vera Cruz Casa de Saúde, viu a história passar, e por vezes se repetir, servindo a diferentes finalidades. O Circolo Italiani Uniti, nome de fundação, funcionou como colégio, centro de acolhimento de imigrantes italianos e lugar de ajuda durante a epidemia de febre amarela em 1896. Duas décadas depois, em 1918, recebeu vítimas da gripe espanhola. Na sequência, Irineo Checchia e Mário Gatti iniciaram as obras para a implantação em definitivo do hospital, encerrando em 1920 as atividades escolares.
Desde março do ano passado, o atual Vera Cruz Casa de Saúde mantém um espaço dedicado ao atendimento às vítimas do novo coronavírus: em 12 meses, mais de 20 mil pessoas foram atendidas.
“Um hospital completo e respeitado nacionalmente. Tive a oportunidade de acompanhar a modernização do hospital ao longo destas cindo décadas de atividade”, conta o médico radiologista José Michel Kalaf. O especialista iniciou suas atividades em agosto de 1966. “Na época, encontrei um serviço modesto de raio X e, ao longo dos anos e com respaldo do corpo clínico e das diretorias administrativas, criamos um departamento de imagem moderno com ampla capacidade em atendimento qualificado para esta especialidade”, relembra.
História
A associação que deu origem à antiga Casa de Saúde Campinas, chamada Circolo Italiani Uniti, foi fundada em 17 de abril de 1881 com o objetivo de atender às necessidades educacionais dos filhos de imigrantes italianos e servir como Casa de Caridade e Centro Cultural para a comunidade ítalo-brasileira de Campinas.
O edifício foi idealizado por Samuele Malfatti e contou com a colaboração do renomado engenheiro-arquiteto Ramos de Azevedo, cujas obras, segundo a professora da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) Ana Paula Farah, fizeram parte do processo de modernização de São Paulo.
“Se trata de um edifício de linguagem eclética e técnica construtiva em alvenaria de tijolos. A implantação do edifício é uma proposição espacial típica das construções de ensino do final do século XIX.”
“A beleza arquitetônica do edifício impressiona, bem como o projeto com funcionalidade ímpar para adequado funcionamento hospitalar. Há qualidade arquitetônica, estética e urbanística, com interação ao ambiente urbano”, reforça o médico radiologista.