A Prefeitura de Campinas decidiu assumir por conta própria o trabalho de extração das árvores do Bosque dos Jequitibás, sem a participação dos técnicos envolvidos com a elaboração do laudo que direciona a ação. Nesta sexta-feira (21), a Administração desautorizou a presença no local dos profissionais que assinam o documento. A solicitação para o acompanhamento foi feita pelo presidente da Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara sobre Arborização Urbana, o vereador Paulo Gaspar (Novo), por meio de um ofício encaminhado à Secretaria de Serviços Públicos (SSP) e ao Departamento de Parques e Jardins (DPJ).
“Só foi autorizada a entrada dos vereadores”, disse Gaspar, que recebeu a resposta do ofício: “Quanto a indivíduos que não compõem o quadro funcional de agentes do poder público, não será autorizado seu respectivo acesso ao Bosque dos Jequitibás durante o trabalho operacional, visto que encontram-se no recinto veículos com equipamentos específicos, mão de obra operacional e equipamentos afins, colocando em risco a segurança de pessoas estranhas ao objeto”, diz o comunicado assinado pela SSP.
Paulo Gaspar disse que não acompanhará os trabalhos sem estar junto dos técnicos. “Não sou biólogo e nem agrônomo. Não saberia identificar eventual falha no manejo”, justificou.
O manejo das árvores do local está envolvido em polêmica desde o início do ano, quando a SSP anunciou, por meio de um relatório, a necessidade de extração de 108 exemplares arbóreos e a poda de outros três. A CEE, Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema) e o Ministério Público de São Paulo solicitaram novos estudos sob contestação da Administração.
Após embates, uma avaliação paralela foi realizada e o laudo, assinado por biólogos, agrônomos e outros técnicos, apontou que 75 árvores precisavam ser removidas, contrariando o relatório da SSP. A Prefeitura voltou atrás e concordou com esse número, mas enfatizou que as outras 33 seriam analisadas.
O trabalho de remoção teve início na manhã desta quinta-feira (20). A Prefeitura aguardava uma sinalização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat) para começar as intervenções no Bosque e recebeu a autorização na quarta-feira (19) à tarde. Segundo o DPJ, a intenção é concluir o serviço em 15 dias para que o espaço possa ser reaberto ao público em agosto.
O Bosque dos Jequitibás está fechado desde o dia 24 de janeiro, quando todos os parques da cidade foram interditados em função da queda de um eucalipto na Lagoa do Taquaral que causou a morte de uma menina de 7 anos. Antes, em dezembro de 2022, uma figueira do Bosque caiu em cima de um carro e matou o motorista. Hoje, só o Bosque dos Jequitibás e o Bosque dos Artistas seguem fechados.