A 94ª edição da famosa e badalada cerimônia de entrega do Oscar, a maior e mais importante premiação do cinema, será realizada neste domingo (27), mesma data em que se comemora o Dia Mundial do Grafite, manifestação urbana artística e transgressora surgida nos anos 70, em Nova York, responsável por deixar os espaços públicos com visual mais colorido e vibrante.
Em Campinas, a interessante combinação cultural entre cinema e arte de rua remete inevitavelmente à lembrança deste belo grafite (veja imagens acima e abaixo), apagado há alguns anos, mas que durante um bom tempo ilustrou o mural que demarca a esquina da Rua Saldanha Marinho com a Rua Dr. Jaime Pinheiro de Ulhoa Cintra, paralela ao fim da Avenida Senador Saraiva, na região central da cidade.
Para quem não reconheceu o personagem retratado pela pintura acima, trata-se do grande astro americano Christopher Walken, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante pelo filme “O Franco-Atirador” (“Deer Hunter”), em 1979, entre outras diversas premiações individuais. Aniversariante desta semana, Walken completa 79 anos na próxima quinta-feira (31).
A cerimônia do Oscar 2022 acontece na noite deste domingo (27), a partir das 21h (horário de Brasília), no Teatro Dolby, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O Brasil está na disputa pelo prêmio de melhor documentário de curta-metragem, categoria em que concorre “Onde Eu Moro” (“Lead Me Home”), disponível na Netflix, que tem como um dos diretores o carioca Pedro Kos. O evento mais importante do cinema será exibido ao vivo pelo canal TNT e também no streaming, pelo Globoplay, com transmissão gratuita para todos os usuários logados, sem necessidade de assinatura.
Apesar de não existir mais desde 2018, o grafite que reproduzia a figura do ator Christopher Walken no centro de Campinas ainda permanece vivo na memória de alguns moradores da cidade, entre eles o jornalista e cinéfilo João Lage, de 60 anos.
“Infelizmente, o grafite foi apagado quando uma lojinha se instalou no local, que fica próximo ao Viaduto Cury, ao lado do chafariz na Estação Cultura. Eu passava ali diariamente e via o grafite, até que um dia tirei uma foto de dentro do carro. Fiquei espantado e feliz por ver um grafite bem feito e naquele lugar, considerado a ‘boca do lixo’ na cidade. Acredito que o artista também era fã do Christopher Walken, que ao meu ver sempre teve uma imagem meio underground em seus filmes. O grafite combinava muito com o local”, aponta João Lage, cuja relação com o cinema sempre foi muito próxima e intensa.
“Desde a juventude, nos anos 80 e 90, eu era frequentador assíduo das salas de cinema no Centro de Campinas. Eu assistia absolutamente tudo que passava na cidade. Eu frequentava e curtia muito as salas de cinema alternativo”, conta João Lage.
“Eu era figurinha carimbada no Cineclube Campinas, que ficava no Senac (filmes em 16mm), e também no Cineclube Barão, que ficava na Rua Regente Feijó, onde cheguei a trabalhar à noite durante vários anos. Minha função era assistir antecipadamente os filmes alternativos que chegavam para produzir um boletim mensal com as resenhas. Depois, o Cineclube virou Centro Cultural Vitória, transferido para o antigo Hotel Vitória no Centro, com duas salas de cinema, onde trabalhei e frequentei até o seu fechamento”, relata João Lage.
“O cinema – tanto os filmes quanto as salas – fez parte da minha vida e da vida de muita gente. Havia uma satisfação muito grande em sair de casa, ficar na fila do ingresso, esperar com os amigos no saguão e depois curtir a película”, relembra João Lage, com nostalgia.
“Hoje, nos resta apenas as salas de cinema nos shoppings, com ingressos caros. Atualmente, estou plenamente inserido no mundo dos streamings. Assino algumas plataformas como Netflix e Amazon Prime, e vejo os filmes no conforto do sofá”, conclui o jornalista.
Mais sobre Christopher Walken
Nascido em Nova York, no dia 31 de março de 1943, batizado com o nome Ronald Walken, o ator Christopher Walken já participou de mais de 100 filmes ao longo de seus quase 80 anos de vida, dos quais mais de 50 de carreira artística.
Antes de faturar o seu único Oscar na primeira indicação que recebeu da Academia, aos 29 anos, após viver Nick, um veterano da Guerra do Vietnã, em “O Franco-Atirador” (1978), Christopher Walken já havia feito alguns filmes nas décadas de 60 e 70, entre eles “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (“Annie Hall”), de 1977, do diretor Woody Allen, que varreu quatro estatuetas do Oscar em 1978: melhor filme, melhor direção, melhor atriz (Diane Keaton) e melhor roteiro original.
Nos anos 80, Christopher Walken protagonizou “Na Hora da Zona Morta” (1983), lançado no mesmo ano de “Projeto Brainstorm”, que estrelou ao lado da atriz Natalie Wood, morta em circunstâncias misteriosas em 1981, em meio ao período de gravações do filme. O que se sabe é que ela se afogou no mar à noite durante um passeio de iate com o marido ator Robert Wagner, acompanhados de Christopher Walken e do capitão da embarcação. O obscuro caso nunca foi solucionado.
Depois do fatídico caso, sem nunca ter se pronunciado publicamente sobre o ocorrido, Christopher Walken prosseguiu a carreira e viveu mais dezenas de personagens, entre eles vilões em dois filmes de grandes franquias do cinema: “007 – Na Mira dos Assassinos” (1985) e “Batman: O Retorno” (1992).
“Parabéns ao Christopher Walken pelo aniversário no dia 31 de março. Vida longa e próspera a um dos mestres do cinema e que ele continue a nos brindar com grandes personagens!”, deseja o jornalista e cinéfilo João Lage, grande fã do ator.
Em 2003, Christopher Walken recebeu a sua segunda e última indicação ao Oscar, novamente como ator coadjuvante, pela brilhante atuação no filme “Prenda-me Se For Capaz” (“Catch Me If You Can”), de 2002, dirigido pelo afamado cineasta Steven Spielberg. Na trama, baseada em fatos reais, Walken vive o pai do protagonista Frank Abagnale Jr., um jovem impostor falsificador de cheques interpretado por Leonardo DiCaprio.
Por algumas vezes apresentador do programa humorístico “Saturday Night Live”, Christopher Walken também trabalhou em duas comédias dos anos 2000 que se tornaram populares: “Penetras Bons de Bico” (2005) e “Click” (2006).
Último filme estrelado por Christopher Walken, baseado em uma disputa jurídica real entre um agricultor e uma gigante corporação global, que chegou até a Suprema Corte do Canadá, “Uma Voz Contra o Poder” (2020) estreou no Brasil no último dia 4 de março e está disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais Claro Now, Vivo Play, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes. Clique aqui para assistir ao trailer.
Um dos grandes astros de Hollywood, Christopher Walken ainda trabalhou como ator convidado em outros filmes marcantes e inesquecíveis como “Tempo Esgotado” (1995), “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999) e “Chamas da Vingança” (2004).
Christopher Walken também aparece na famosa “cena do relógio de ouro” do clássico “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (1994), do célebre diretor Quentin Tarantino, que, por mais uma curiosa coincidência, completa 59 anos neste domingo (27). Realmente não poderia existir data mais perfeita para a celebração do Oscar.