O primeiro dia de desfiles das escolas de samba no Carnaval São Paulo, nesta sexta-feira (17), exaltou a resistência negra, as mulheres e segurou a arquibancada até o final, já na manhã deste sábado (17), à espera da Gaviões da Fiel, que fechou a passarela do Sambódromo do Anhembi.
A primeira escola de samba a desfilar foi a Independente Tricolor. A chuva que caiu em parte do desfile, durante a madrugada, não comprometeu a retomada da folia na capital paulista. O público mostrou que as favoritas do primeiro dia foram Tatuapé, Rosas de Ouro e Gaviões.
Sabrina Sato brilhou à frente da bateria da Gaviões da Fiel. Outras celebridades estiveram em ação no Anhembi. A atriz e apresentadora Pâmella Gomes puxou o ritmo como Rainha de Bateria da Tom Maior. Karol Conká, em BBB, estreou pela Rosas de Ouro. Juh Campos, ex-Miss Amazonas, saiu pela Barroca Zona Sul.
Hoje, a partir das 20h30h, o último dia de desfiles em São Paulo trará as seguintes escolas:
20h30 – Afoxé Filhos da Coroa de Dadá
22h30 – Estrela do Terceiro Milênio
23h35 – Acadêmicos do Tucuruvi
0h40 – Mancha Verde
01h45 – Império de Casa Verde
02h50 – Mocidade Alegre
3h55 – Águia de Ouro
5h – Dragões da Real
Acadêmicos do Tatuapé
A Acadêmicos do Tatuapé surpreendeu com uma sereia de olhos brancos na comissão de frente e evoluiu mostrando a homenagem à cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.
A natureza exuberante da cidade foi retratada pela escola em carros que mostravam os indígenas que moravam na região, além dos caiçaras e quilombolas. Até o movimento hippie, que se concentrou na cidade nos anos 60, foi simbolizada em duas alas.
Dourada, a Ala das Baianas mostrou que a cidade também foi caminho do ouro, cercada pela Mata Atlântica. Com o enredo Tatuapé canta Paraty! Do caminho do ouro à economia azul. Patrimônio mundial, cultura e biodiversidade. Paraty cidade criativa da gastronomia foi interpretado por Celsinho Mody.
Barroca Zona Sul
A Barroca Zona Sul enfrentou, em seu desfile, chuva forte, após um dia quente na capital paulista. Mas, apesar da adversidade, a escola não teve problemas e mostrou com garra o enredo Guaicurus, que contou a história dessa tribo indígena no Pantanal.
O espírito guerreiro, marca do povo indígena, foi mostrado nos carros como o abre-alas, que apresentou grande indígena empunhando uma lança em defesa de seu povo. A comissão de frente contou a história da criação dos povos originários.
Unidos de Vila Maria
A Unidos de Vila Maria entrou no desfile de 2023 com samba-enredo que fez referências a desfiles antigos, ao bairro e à própria história.
O enredo Vila Maria. Minha Origem. Minha Essência. Minha História! Fonte de Amor Muito Além do Carnaval levou para a avenida pierrots e colombinas, carros com um bonde e até a Igreja da Candelária, que fica no bairro. Homenageou famosos que viveram lá, como o piloto de Fórmula Um Ayrton Senna e o jogador de futebol Dener, que jogou em equipe de futsal local.
Até papai Noel foi para a avenida, em um carro gigante, puxado por hienas. Ele representou as distribuições de presentes no bairro feitas no Natal, uma das ações sociais da escola.
Rosas de Ouro
A Rosas de Ouro fez coro à busca por respeito e igualdade racial com o samba-enredo.
Com o tema Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome, a resistência negra foi apresentada através dos tempos.
Para começar, a Comissão de Frente mostrou o navio negreiro, em que negros eram trazidos ao Brasil para serem escravizados. A perfomance no navio em movimento foi um dos destaques.
O desfile foi um manifesto racial no sambódromo do Anhembi e homenageou ídolos negros como Glória Maria, Pelé, Pixinguina, Machado de Assis, Aleijadinho e a cultura afrobrasileira.
Também foram homeageados os cantores Gilberto Gil, Lecy Brandão e o rapper Emicida, que compôs a canção AmarElo, inspiração para o samba enredo com o termo kindala, que significa agora e está em um verso da música.
Tom Maior
Com um culto às Mães Pretas Ancestrais, a Tom Maior mostrou no sambódromo o maternal espiritual, por meio da criação, do ensinamento, da guia, da força, do respeito e da devoção.
O tema As Iyamis e os Eleyés mostrou as mães feiticeiras, a ala das baianas e representou a divindade do responsável pela criação do mundo, Oduduá. Diversas figuras maternas inspiradoras também foram destaques, como as rainhas do Congo.
Para fechar o desfile, o carro Adurá às Santas Católicas homenageou as mães pretas do catolicismo, com uma ala de crianças.
Gaviões da Fiel
Ao amanhecer, a Gaviões da Fiel fechou o primeiro dia de desfiles, com o samba-enredo Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém! A escola falou sobre a a intolerância religiosa e o respeito às religiões.
A Gaviões entrou de branco na avenida com o carro abre alas Em Nome do Pai. Representações de anjos brancos se destacaram com o tema da liberdade.
O carro Em nome dos Espíritos levou uma representação de Chico Xavier, rodeado por velas. São Jorge, padroeiro do Corinthians, que originou a escola de samba, foi homenageado pela rainha de bateria Sabrina Sato, que entrou fantasiada do santo guerreiro. Madre Teresa de Calcutá e representações hindus também foram simbolizadas no desfile da escola.