Depois da requalificação da Avenida Francisco Glicério, no Centro de Campinas, com intervenções realizadas no governo de Jonas Donizette (PSB), a Prefeitura decidiu investir agora na revitalização da Avenida Campos Sales. O evento de lançamento do projeto ocorreu nesta sexta-feira na Sala Azul do Paço Municipal. Trata-se de um projeto ousado e complexo, já que o corredor tem fluxo intenso de pedestres e grande circulação de veículos. De acordo com cálculos da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), passam por dia, em média. na Campos Sales, 15 mil veículos e 7 mil pedestres. Por hora, de acordo com a companhia, são 170 ônibus de 50 linhas, integrando todas as regiões de Campinas.
Quem passa pela Campos Sales, a pé ou de carro, observa que o visual da avenida é decadente. Parte das lojas tem fachadas envelhecidas e pichadas, com poluição publicitária e sem padronização. Vários estabelecimentos comerciais estão fechados – fruto da crise econômica decorrente da pandemia ou de questões pontuais dos próprios empreendedores.
A avenida é importante corredor comercial, com imóveis icônicos e de importância histórica. Por exemplo, a via abriga o Palácio da Mogiana, a Loja Macônica Independência e o prédio do antigo Fórum (Palácio da Justiça).
Investimento é de R$ 12 milhões
Chamado de “Viva Campos Sales”, a iniciativa terá investimento de cerca de R$ 12 milhões, sendo a maior parte oriunda fr recursos de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). A previsão é que as obras tenham início no segundo semestre de 2022, com duração de 12 meses. Conduzido pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), em parceria com outras secretarias municipais, o projeto prevê uma série de mudanças na via. A requalificação da Campos Sales é uma continuação da revitalização da Avenida Francisco Glicério, que foi realizada entre 2015 e 2016.
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, ressaltou que é uma iniciativa muito importante, que, seguindo o exemplo da Glicério, vai avançar na revitalização do Centro.
“Uma cidade como Campinas tem que enfrentar desafios grandes como estes, mesmo sabendo das dificuldades. Uma intervenção desse tamanho vai gerar algum transtorno, mas o resultado final, sem dúvida, compensará”.
Um dos condutores do projeto e também das obras da Glicério, o secretário de Transportes, Vinicius Riverete, disse que a requalificação da avenida só ocorreu pela união e engajamento de todos. “A avenida não fechou um só dia. É uma referência hoje. Se continuarmos nessa mesma união também vamos entregar a Campos Sales”, destacou. O presidente da Emdec, Ayrton Camargo e Silva, saudou o prefeito pelo passo tomado. Relembrou que desde a construção de seu plano de governo disse que esse desafio não ficaria restrito à Glicério. “Vejo esse sonho de levar o padrão Glicério para todo o Centro tendo prosseguimento com a Campos Sales”.
A diretora de projetos estratégicos e de cidades inteligentes da Emdec, Mariana Savedra Pfitzner, fez a apresentação do Viva Campos Sales e mostrou uma projeção de como ficará o resultado final. Ela disse que o projeto é “tornar a Campos Sales uma ‘rua de estar’, em que as pessoas tenham prazer de andar e circular. Vamos tornar a avenida mais amigável para o pedestre”.
A arquiteta e urbanista Maria Rita Amoroso, responsável pelo projeto arquitetônico da Viva Campos Sales e também da Avenida Francisco Glicério, esteve no lançamento e falou que a “requalificação preserva a história de uma forma muito importante para o cidadão e principalmente se tratando de um projeto de inclusão”, disse.
O que vai mudar
Entre as melhorias estão a ampliação de calçadas em 2m de cada lado, troca de pavimento, melhoria da acessibilidade e segurança como elevação de cruzamentos. Toda a fiação será subterrânea – uma parceria com a CPFL. Também serão refeitas as redes de água e esgoto e a avenida ganhará paisagismo, novos pontos de iluminação, mobiliário urbano e até árvores artificiais, que são estruturas para geração de energia solar. Serão duas faixas para carros e uma faixa exclusiva para ônibus. A via também ganhará vagas rápidas e os carros circularão na velocidade de 40 km/h, reduzindo a acidentalidade.
A avenida de 920m foi escolhida por ser estratégica no Ventro. Liga a Francisco Glicério ao pátio ferroviário e possui grande quantidade de empresas, área construída e valor dos imóveis.
Os vereadores Carlinhos Camelô e Arnaldo Salvetti estiveram presentes. Ambos fazem parte da Comissão Especial de Estudos com a Finalidade de Analisar e Discutir acerca da Revitalização do Centro do Município de Campinas.
O lançamento também teve a participação do consultor de relacionamento da CPFL, Juliano Campos; do diretor regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Márcio Benvenutti; do gerente de infraestrutura da TelComp, Felipe Aguiar; dos engenheiros de projetos da Comgás, Antônio Trabaquini e Gustavo Castanheira.
Os secretários municipais de Infraestrutura; Carlos Barreiro; Serviços Públicos, Ernesto Paulella; Desenvolvimento Econômico; Adriana Flosi; Planejamento e Urbanismo, Carolina Baracat; e os presidentes da IMA, Eduardo Coelho; e da Setec, Andre Assad Mello também compareceram.
Participação popular
O projeto de revitalização da Campos Sales terá a participação da sociedade civil por meio de reuniões com os comerciantes locais e com a Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), com permissionários e a Setec, além de parceiros externos (concessionárias) e internos (secretarias). A população poderá enviar sugestões e ideias para o projeto pelo e-mail [email protected].
Quem foi Campos Sales
Manuel Ferraz de Campos Sales nasceu em Campinas em 15 de fevereiro de 1841. Formou-se em Direito em 1863 e exerceu a profissão de advogado durante muitos anos. Iniciou sua vida política ingressando no Partido Liberal. Foi deputado provincial pelo estado de São Paulo entre 1868 e 1869. Em 1873, participou da criação do Partido Republicano Paulista, que preconizava o fim da monarquia e da escravidão. Assumiu o cargo de deputado em mais dois mandatos, entre 1882/1883 e 1888/1889. Nesse último ano, assumiu a presidência da comissão do Partido Republicano de São Paulo.M
Ainda em 1889, exerceu o cargo de ministro da Justiça, no governo provisório de Deodoro da Fonseca, permanecendo no cargo até 1891, quando foi eleito senador, cargo que renunciou para se tornar presidente do Estado de São Paulo. Entre os anos de 1892 e 1893, morou na Europa. Tornou-se colaborador do jornal Correio Paulistano.
Ao retornar ao Brasil, voltou ao Senado entre 1894 e 1895. Entre 1896 e 1897, assumiu o cargo de presidente de São Paulo. Foi o quarto presidente do Brasil República. Exerceu o cargo entre os anos de 1898 e 1902. O seu governo criou novos impostos e elevou os já existentes. Sua política saneou as finanças, mas afetou negativamente a indústria e o comércio. Morreu em Santos, no dia 28 de junho de 1913. A avenida que leva o seu nome fica no Centro de Campinas.
A Francisco Glicério
As obras de revitalização da Glicério tiveram início em fevereiro de 2015 e foram concluídas 15 meses depois. Tudo começou com montagem do canteiro de obras pelo Departamento de Transportes Interno (Deti), sinalização do tráfego pela Emdec, demarcação do trecho, topografia no local e a identificação visual. Depois, teve início a abertura de valas e execução das obras no trecho da Orosimbo Maia até a Marechal Deodoro.
A primeira parte incluiu enterramento das redes de energia elétrica e telecomunicações e a troca das redes de redes de água e esgoto, um sistema de tubulação com mais de um século. Essa parte do projeto foi interrompida para não atrapalhar as vendas do comércio no mês de Natal. Em janeiro de 2016, as obras recomeçaram, e avançaram em direção à Avenida Aquidabã.
A Avenida Francisco Glicério tem no total 2,3 km de extensão. Ela começa na Rua da Abolição, no bairro Ponte Preta, atravessa toda a área central e termina na Avenida Barão de Itapura, no Bairro Guanabara. A Avenida Francisco Glicério foi recapeada integralmente também.
As obras custaram cerca de R$ 33 milhões, investidos pela iniciativa privada por meio de contrapartidas.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo esteve à frente do projeto juntamente com a Secretaria de Cultura, Secretaria de Serviços Públicos, Setec, Emdec e Sanasa. Os investimentos do poder público foram de R$ 6 milhões da Prefeitura e R$ 4,6 milhões da Sanasa. O restante veio das empresas parceiras (CPFL, Comgás e TelComp).